Sempre que passava pela Fortaleza da Póvoa de Varzim, Maria Miguel Cadilhe lembra-se de pensar que era “um desperdício” estar ali instalada a polícia, com os respetivos jipes estacionados à frente do monumento. “Sem nunca imaginar que algum dia haveria de pegar nisto”, recorda ao Observador. Mas pegou. Dentro da renovada Fortaleza já funciona um bar. Em breve vão nascer ali duas esplanadas generosas, lojas e o restaurante éLeBê.

“Isto é um grande desafio que me fascina imenso”, resume Maria Miguel Cadilhe, em conversa com o Observador numa das mesas do bar da Fortaleza. O espaço abriu no final de fevereiro, “a tempo do festival Correntes d’Escritas”, e é o primeiro passo no sentido de tornar o monumento num pólo de atração da cidade. “Até porque hoje em dia temos uma competição terrível com a baixa do Porto”, assumiu em dezembro, à Lusa, o presidente da Câmara, Aires Pereira.

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O piso térreo do bar da Fortaleza. Por cima há mais mesas, uma cabine de DJ e um terraço enorme com esplanada. (foto: © Sara Otto Coelho / Observador)

A fortaleza de Nossa Senhora da Conceição está ali, de frente para o mar, desde o século XVIII. Até 2009 estava ocupada pela Brigada Fiscal da Guarda Nacional Republicana, que era quem deixava os tais jipes estacionados em frente. Consciente de que eram necessárias obras no edifício, em 2014 a autarquia lançou um concurso para a reabilitação do equipamento, adjudicada pelo preço base de um milhão e 230 mil euros. “Poderá ter ultrapassado este valor”, esclarece o gabinete de comunicação ao Observador, sem, no entanto, precisar quanto custaram as obras ao todo.

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A intervenção teve como objetivo “manter a génese da velhinha Fortaleza”, com o cuidado de prepará-la para receber “a parte lúdica, cultural e de animação“, diz a mesma fonte. Assim, no interior desapareceu o antigo jardim para dar origem a uma praça. Mantiveram-se os edifícios, agora restaurados, com a parede em pedra por dentro. Manteve-se e restaurou-se também a pequena capela de 1743, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, e à entrada foi restabelecida a rampa única original e até a ponte levadiça que há uns anos tinha sido demolida.

O passo seguinte foi lançar um concurso para a concessão dos futuros negócios. É aqui que entra Maria Miguel Cadilhe. “Havia concursos para os diferentes espaços. Eu concorri para tudo, porque só assim seria possível construir um único conceito, de complementaridade, sem negócios que concorram uns contra os outros.” E venceu. Com um passado ligado à organização de eventos, tem tudo planeado e sobre rodas. Quem entra vê logo a capela. Do lado esquerdo fica o bar, que também é salão de chá. Apesar de já estar aberto, há novidades a caminho.

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Do lado esquerdo da capela fica o bar com dois pisos. Do lado direito vai ficar o restaurante éLeBê. (foto: © Sara Otto Coelho / Observador)

A inauguração oficial ainda não está marcada, mas deverá acontecer entre o final de junho e o início de julho, com “uma grande festa”. Mas já há uma sunset party agendada para o dia 12 de junho. O verão é a época forte na Póvoa, mas Maria Miguel Cadilhe avisa logo que não quer viver da sazonalidade. “É fácil empurrar um carro numa descida”, ou seja, ter casa cheia durante o verão é quase garantido. “Eu quero é dinamizar no inverno”, diz, convicta. A ideia é que a Fortaleza funcione esteja em funcionamento quase 24 horas por dia, com diferentes funções e ambientes, que agradem a filhos, pais e avós.

O bar começa logo de manhã a servir pequenos-almoços. Para almoçar há snacks e tostas entre os 2,50€ e os 5,80€. Para petiscar não faltam as típicas tábuas de queijos e enchidos (9€). Brevemente entrarão no menu as saladas. Há batidos de fruta fresca feitos na hora (4,50€), uma carta só de cafés e outra com bebidas e cocktails, entre vinho a copo, sangria de espumante e 11 marcas de gin. À noite, a mesa de DJ no piso de cima começa a trabalhar. Em breve, o enorme terraço vai encher-se de mesas, cadeiras, puffs e almofadas, e vai ser montado um bar redondo, para acolher os sunsets de final de tarde e as várias festas de verão que estão planeadas a partir do dia 2 de julho.

O grupo éLeBê vai abrir o seu terceiro restaurante, a juntar aos dois que já tem no Porto — Maria Miguel Cadilhe já conhecia o conceito e foi por isso que, entre tantas candidaturas, o escolheu para o projeto. Com abertura prevista para este mês, também vai ter uma esplanada no terraço em cima, com mesas com vista para o mar. Por esta altura, o pensamento óbvio é: com tanta esplanada, como é que vai ser nos dias e noites ventosos? “As muralhas funcionam como proteção”, afirma a concessionária. Nos dias de chuva, caberá aos guarda-sóis guardar da intempérie. Por falar em guardar: o restaurante vai ter babysitter à noite, “para que os adultos se possam divertir”.

restaurante elebe

Crocante de Pudim de Abade de Priscos com gelado de baunilha, uma das sobremesas do restaurante éLeBê. (foto: © Divulgação)

Ainda falta a terceira esplanada. Esta vai estar instalada na Praça de Armas — vulgo, o pátio. Onde era o poço vai funcionar um bar grande, “com capacidade para 10 a 12 funcionários ao mesmo tempo”. E também vai ser montada uma cabine de DJ. Mas tanto o bar como a música ao vivo, neste caso, ficam reservados para a noite. Uma vez que o verão se aproxima, perguntamos pelos gelados. Maria Miguel Cadilhe faz um sorriso misterioso, pensa se pode ou não anunciar já a novidade, e fica-se pelo meio. “Vai estar estacionada uma carrinha de gelados“. De que marca? “Vai ser uma surpresa”.

Ainda sobra um edifício. Parte dele já está ocupado com um pequeno posto de turismo da Póvoa de Varzim. Em breve vão abrir três lojas pop-up, que ainda não estão escolhidas. “Tenho propostas para wine bar, por exemplo”. Para se saber qual foi a escolha, é preciso esperar pela inauguração.

Para além da vertente comercial, há o desejo de dar ao espaço uma componente cultural, através de feiras de artesanato, de vinhos e de produtos biológicos. “Quero que num domingo à tarde as pessoas possam vir aqui ouvir declamar poesia ou ouvir um violoncelista tocar. Tenho a colaboração da Câmara em quase todos os temas e quero dar prioridade à cidade, aos artistas daqui, a escultores, pintores. Primeiro as pessoas da terra, porque isto é um projeto dos poveiros, diz a concessionária, nascida no Porto e criada na Póvoa. “Sinto-me 100% poveira”. Tal como a Fortaleza, que voltou a ser da cidade.

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É possível descer da esplanada superior por dentro do bar ou através desta rampa. No edifício branco, que aqui se vê ao lado da entrada, está o posto de turismo da cidade e é onde ficarão as três lojas pop-up. © Sara Otto Coelho / Divulgação

Nome: Fortaleza da Póvoa de Varzim
Morada: Rua Tenente Veiga Leal, 109, 4490-586 Póvoa de Varzim
Contacto: geral@ftz.pt
Horário: O bar funciona e terça a quinta das 09h30 às 20h, sexta e sábado das 09h30 às 03h00 e domingo das 09h30 às 20h. No futuro, a ideia é estender o horário pela madrugada
Site: www.facebook.com/fortalezadapovoa