O Bloco de Esquerda criticou esta terça-feira o “apetite voraz” da Mota-Engil pela contratação de ex-ministros, assim como a disponibilidade do ex-presidente do CDS-PP Paulo Portas para aceitar um lugar de consultor nesta empresa.

Posições assumidas por Pedro Filipe Soares na Assembleia da República, numa declaração em que apontou que ao fim de seis meses já dois destacados membros do anterior Governo (Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque) aceitaram lugares controversos em empresas do setor privado.

“Estamos perante uma história já antiga da Mota-Engil e de ex-ministros de governos portugueses, e percebemos que há um apetite voraz desta empresa por ex-ministros. Para dar cobertura a esse apetite da Mota-Engil, há depois disponibilidade de ex-ministros para participarem nos diversos cargos da empresa”, apontou o líder parlamentar do Bloco de Esquerda.

Para Pedro Filipe Soares, estas situações “merecem em primeiro lugar uma crítica política, porque não pode o Conselho de Ministros ser um trampolim para cargos em empresas privadas, como parece que tantas vezes está a acontecer”.

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“O Bloco de Esquerda considera que quem esteve no Governo com funções em que se tinha acesso a informações relativamente a internacionalização de empresas ou sobre relacionamento com outros Estados e continentes — informações confidenciais –, não deveria levar esses segredos para o setor privado. Curiosamente, em seis meses, temos já dois ex-ministros que saltaram para o privado, um do PSD [a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque] e outro do CDS-PP [o ex-vice-primeiro-ministro, Paulo Portas]”, referiu.

Na perspetiva do líder parlamentar do Bloco de Esquerda, se a legislação portuguesa fosse “mais clara e mais transparente, não verificariam estes alçapões que permitem os saltos do público para o privado, sem salvaguarda do interesse público”.

“Na comissão parlamentar sobre transparência, a partir de quarta-feira, o Bloco de Esquerda vai bater-se para que seja aprovada a introdução de maiores restrições ao nível da atuação de ex-governantes, dando mais força a um regime de incompatibilidades para defender o interesse público de situações como esta”, acrescentou Pedro Filipe Soares.