O dirigente socialista e secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Vítor Ramalho, avisou que “o pior nesta fase é fazer juízos precipitados”, a propósito da nomeação da filha do Presidente angolano para a Sonangol.

“A relação com Angola, num quadro muito complexo de crise em todos os países lusófonos, tem de ser visto com grande, grande, grande prudência”, disse o também dirigente nacional do PS, Vítor Ramalho, questionado pela Lusa sobre a nomeação de Isabel dos Santos como presidente do conselho de administração da petrolífera estatal, pelo Presidente, José Eduardo dos Santos.

Essa prudência significa “não intervenção nos assuntos internos”, acrescentou, falando à margem de uma homenagem ao primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, organizado pela Casa da Cultura Angolana Welwitschia, no âmbito das comemorações do 40.º aniversário da independência de Angola.

“A opção é angolana, ponto final parágrafo. A decisão de Isabel dos Santos de não continuar em empresas de grande dimensão portuguesa é também uma decisão que pode tomar”, disse, referindo-se à saída da empresária angolana das administrações da NOS, do banco BIC e da Efacec.

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“O pior que há nesta fase, na minha avaliação, e em função da crise que é séria, grave, profunda, e que afeta todos os nossos países, é fazermos juízos precipitados. Eu não faço, de maneira nenhuma, juízos precipitados”, garantiu.

Na mesma linha, o antigo ministro socialista João Cravinho considerou que a nomeação dos dirigentes da Sonangol “é uma matéria do foro interno angolano”.

“Pertence às autoridade angolanas preencher os cargos sociais de uma empresa como a Sonangol, que é a maior empresa de Angola e que é uma empresa com grande relação, por exemplo com Portugal, mas com outros, como é natural para uma petrolífera, num país que é dos maiores produtores” mundiais, sustentou.

Questionado sobre as críticas à nomeação, nomeadamente por partidos da oposição e juristas angolanos, João Cravinho afirmou que “as polémicas que se travam à volta disto não podem ser dirimidas em Portugal”.

Neste caso, não se trata de “discutir se o presidente da Sonangol é A ou B, se está bem ou mal nomeado”, defendeu o ex-ministro do Equipamento de António Guterres (PS).

João Cravinho, que garantiu não estar preocupado com eventuais impactos da alteração da administração da Sonangol nas empresas portuguesas participadas pela petrolífera, defendeu que “existe enquadramento empresarial ou legal para resolver qualquer problema”.

“Como há de facto representação da Sonangol em várias sociedades portuguesas, se alguém em Portugal achar que há qualquer situação que não é conforme às leis portuguesas, tratando-se de empresas portuguesas, é no foro português que essa questão deve ser evocada”, considerou.