O Museu do Design e da Moda (MUDE) está “fora de portas”, desde que o edifício na Rua Augusta entrou em obras, mas isso não significa que o trabalho fique parado. Bárbara Coutinho, diretora da instituição, faz uma antecipação ao Observador do que será a exposição “Abaixo as Fronteiras”, que começou no Museu da Arte Contemporânea em Elvas e veio fixar-se em Lisboa.

Na Sala do Risco, no Pátio da Galé, ainda se aprimoram os últimos preparativos para a inauguração das 19h: é necessário informar os assistentes de salas das particularidades das obras, os cuidados a ter e o significado de cada uma. “É preciso ter cuidado com isto”, explica Bárbara Coutinho ao grupo, enquanto aponta para uma obra, cujos objetos pontiagudos podem ser perigosos. A iluminação está também a ser preparada com recurso a andaimes e escadas, que superam a altura dos colaboradores e das obras em exposição.

No leque de artistas nacionais e internacionais estão nomes como Alexandre Farto (Vhils), Ana Salazar, Joana Vasconcelos, Andrea Branzi, Vivienne Westwood e Comme des Garçons. “O intuito foi definir diálogos transversais nas artes e no design”, esclarece a diretora do MUDE. Mais do que a nacionalidade dos artistas, importa a diversidade das obras em questão e por isso se explica, que à beira de um painel de portas de madeira com o “toque” de Vhils (Lancetar 02, 2014) esteja um vestido preto da coleção de 2003 da estilista Ana Salazar. Mas, “cada obra vale por si” é a promessa da também curadora.

A produção de “Abaixo as Fronteiras” é uma parceria entre o Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE) e o MUDE: as obras em exposição fazem parte do espólio de ambas as instituições. Se em Elvas, o elemento comum mantém-se na pintura, em Lisboa a reflexão passa para o objeto. E o objeto pode ser uma cama coberta por medicamentos Valium, primazia da artista plástica Joana Vasconcelos, ou um carrinho de compras com o símbolo +, da autoria de Miguel Januário. “É preciso explorar esta relação do eu com o outro, com o lugar onde se está”, afirma Bárbara Coutinho.

O público pode vir preparado para se surpreender com algumas obras, que não são feitas para consumo rápido. “As pessoas podem ter as mais variadas linhas de pensamento face à exposição. Ficaria muito contente se isso acontecesse”, explica. A “Casa Vertical” (Vertical Home) do italiano Andrea Branzi é um dos exemplos: quase parece uma casa-beliche com escritório, quartos, sala de jantar e estar, tudo encostado a uma parede. A valorização do espaço e da arquitetura são algumas das reflexões a retirar da experiência.

A exposição que está no Pátio da Galé até 15 de setembro, tem ainda a mais-valia de reunir obras que foram “pouco expostas, vistas e apresentadas”, segundo a diretora. “Abaixo as Fronteiras” chega esta quinta-feira a Lisboa, depois de ter iniciado o percurso em Elvas.

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