As varinas tornaram-se há muito um símbolo de Lisboa e esta segunda-feira regressam (à televisão) no dia de Santo António. A RTP2 estreia a 13 de junho, às 23h30, o documentário Varinas — Um Símbolo de Lisboa. O dia escolhido para a transmissão foi o “mais apropriado”, segundo Fernando Carrilho, realizador do projeto.

[Veja aqui o trailer do documentário]

A ideia remonta há três anos, quando o Departamento Cultural da Câmara Municipal de Lisboa reuniu um conjunto de investigadores em volta do tema. A Videoteca Municipal aproveitou o material para produzir um documentário onde a ponte entre o passado e o presente é a linha que une os 83 minutos de documentário. A RTP2, por exigências do formato televisivo, reduz a duração para 63 minutos.

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A viagem que o espetador faz é de cerca de 20 anos, desde o tempo em que as varinas saíram de Ovar até à sua afirmação social e profissional em Lisboa. Hoje, para as mulheres do Norte, a capital também já é delas. “Algumas marchas populares como a Madragoa continuam a utilizar as varinas como inspiração para o vestuário e a música”, afirma Fernando Carrilho. No documentário, os processos e os rituais da atividade acompanham a recordação das memórias, através de entrevistas a seis varinas.

Trata-se de voltar a um “imaginário lisboeta” que, segundo o realizador, conseguiu emocionar muitos dos espetadores que se dirigiram ao Cinema São Jorge no ano passado quando o documentário foi apresentado pela primeira vez. “A comunidade lisboeta e algumas antigas varinas estiveram presentes e foi muito emotivo.” Embora a estreia em televisão aconteça este ano, o documentário já teve algumas exibições em Lisboa, Ovar e Ílhavo. Ao mesmo tempo, Varinas – Um Símbolo de Lisboa está disponível para consulta e visualização na Videoteca Municipal.

As histórias das varinas de Lisboa tornaram-se interessantes para o realizador dos documentários Ophiussa — Uma Cidade de Fernando Pessoa e 500 Anos Bairro Alto, devido à capacidade de sacrifício que muitas enfrentaram: “Não era qualquer mulher que estava com a canastra ao ombro e um filho ao colo a trabalhar”. As duras condições de trabalho e as habitações precárias são dois dos aspetos, que Fernando Carrilho acredita serem merecedoras de atenção. “As varinas são como um bilhete-postal de Lisboa”, defende.