Em entrevista à agência francesa AFP, o diretor para o Médio Oriente e Norte de África do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Amin Awad, denunciou o “fracasso coletivo” da ajuda aos refugiados sírios que “é preciso reparar”.

A 04 de fevereiro, em Londres, uma conferência de doadores organizada pela ONU, o Reino Unido, Koweit, Noruega e Alemanha, terminou com um compromisso sem precedentes para a doação de 11 mil milhões de dólares (9,8 mil milhões de euros) até 2020 para ajudar os cerca de 18 milhões de sírios mil milhões de euros) vítimas da guerra.

Mas segundo Awad, apenas 2,5 mil milhões de dólares foram efetivamente distribuídos, enquanto os países vizinhos da Síria — Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque — sentem o afluxo dos refugiados.

“Os países da linha da frente estão dececionados e sentem-se abandonados”, afirmou o responsável do ACNUR, que se deslocou a Washington para abordar o problema com responsáveis norte-americanos.

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Num país com cerca de 23 milhões de habitantes antes do conflito, 13,5 milhões de pessoas foram afetadas ou deslocadas pela guerra, de acordo com dados da ONU de janeiro. A mesma organização estima que 4,7 milhões de pessoas fugiram da Síria.

A Turquia tornou-se o principal país de acolhimento, com 2 a 2,5 milhões de sírios. O Líbano recebeu cerca de 1,2 milhões, ou seja, um quarto da população daquele pequeno país. Na Jordânia, cerca de 630.000 sírios estão registados junto do ACNUR, mas Amã estima-os em mais de um milhão. Outros 225.000 sírios refugiaram-se no Iraque e 137.000 no Egito.

Nunca houve tantos refugiados no mundo — 60 milhões — e um terço deles encontra-se na grande região do Médio Oriente.

“Entre os sete mil milhões de pessoas no mundo, a população do Médio Oriente representa apenas 5 a 7 por cento, mas esta parte do planeta cheia de turbulência conta com 35 a 40 por cento dos casos” de refugiados, estimou o representante do ACNUR.