Serina Vine, uma veterana do exército norte-americano, morreu este mês sem ninguém. Era sem-abrigo, e o funeral dela podia ter tido apenas quatro pessoas. Isto se não fosse Jaspen Boothe, uma outra veterana que se dedica a dar um fim de vida digno aos veteranos sem-abrigo.

Boothe fundou a Final Salute, uma associação sem fins lucrativos de apoio às veteranas de guerra, em 2010, e desde então já cuidou de mais 900 mulheres e crianças. Quando soube do caso de Serina Vine, por um fuzileiro reformado que trabalha no cemitério nacional de Quantico, decidiu intervir.

“No exército, não servimos sozinhos. Por isso, não devemos morrer sozinhos”, disse Jaspen Boothe ao Today Show, da NBC. Boothe decidiu publicar convites em vários grupos de veteranos na internet. “Pensava que os meus esforços fariam talvez 20 ou 30 pessoas aparecer no funeral. Mas, quando cheguei, havia centenas de carros”, contou a veterana. Em vez de 20 ou 30, apareceram 200 pessoas no funeral de Serina.

Sobre a veterana que morreu, pouco se sabia. O Today conta que ela esteve ao serviço da Marinha entre 1944 e 1946. Em 1995 foi encontrada na rua, em Washington DC, e foi resgatada pelo Centro de Vida Comunitária do Departamento de Veteranos. Foi lá que viveu até morrer com 91 anos.

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William Jones, o fuzileiro que convidou Boothe para ir ao cemitério, descobriu que Serina Vine era formada pela Universidade da Califórnia e falava três línguas diferentes. Os funcionários do centro onde Serina viveu contaram ainda que ela adorava dançar e ia à igreja todos os domingos.

A história de vida de Serina, mesmo tendo poucos detalhes conhecidos, inspirou Jaspen Boothe. Por isso, no funeral, quando falou, disse que era irmã de Serina. “Não por termos sido educadas pelos mesmos pais, mas porque, a certo ponto, ambas levantámos a mão e aceitámos servir a nossa nação”, explicou.

Num funeral cheio de emoção, a veterana Jaspen Boothe sublinhou a importância dos laços que unem os militares: “Não estamos separados pela raça ou pela religião, estamos unidos pelo nosso serviço e sacrifício”.

Como sempre num funeral de um veterano de guerra, a bandeira dos Estados Unidos que cobre o caixão é entregue à família. Neste caso, Katie Bryan, que foi quem cuidou das questões financeiras de Serina, irá passar seis meses à procura da família. Se não a encontrar, tenciona doar a bandeira ao Memorial às Mulheres em Serviço Militar pela América.

A veterana Jaspen Boothe concluiu: “Foi um ato final de respeito por ela. Não a conhecia, mas importo-me com ela e com o serviço dela”.