“É uma marcha da diversidade. Não é uma marcha de uma cor só, é uma marcha de todas as cores, é uma marcha da diversidade e da democracia, e, quando assim é, acho que vai ser uma festa em torno da escola pública, que bem merece que as pessoas a saúdem e que a defendam”, afirmou o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira.

A iniciativa, que tem na Fenprof um dos principais promotores e organizadores, foi convocada no final de maio, numa altura em que os colégios privados com contrato de associação se desdobravam em ações diárias para contestar a anunciada redução do número de turmas financiadas pelo Estado em estabelecimentos particulares já a partir do próximo ano letivo.

Mário Nogueira sublinhou, no entanto, que esta “não é uma marcha contra ninguém, nem contra o ensino particular e cooperativo”.

De acordo com o líder da Fenprof, a “escola pública reúne um consenso muito grande na sociedade portuguesa”, que lhe reconhece um “ensino de qualidade” e uma capacidade de dar resposta “à diversidade de alunos que surgem”, o que leva a uma mobilização que vai muito para lá dos portões da escola.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Penso que no próximo sábado vamos ter, para além dos professores, cidadãos, funcionários não docentes, pais, encarregados de educação, pessoas que não têm uma ligação direta à escola, mas que não deixam reconhecer a importância de defender a escola pública”, disse.

Para Mário Nogueira, o que leva as pessoas a sair à rua em defesa da escola pública “está longe de se resumir ao problema dos contratos de associação”, até porque, disse, a discussão que se faz hoje no espaço público “já passa sobre o que deve ser a escola pública e pelo investimento que deve ser maior”.

A petição a pedir a defesa da escola pública, que a Fenprof entregou na Assembleia da República, e que teve entre os primeiros subscritores nomes como os músicos Sérgio Godinho, Fausto e Pedro Abrunhosa, o poeta Manuel Alegre, a autarca Helena Roseta, a historiadora Raquel Varela ou o catedrático Santana Castilho, reuniu mais de 71 mil assinaturas. Se será esse o número de participantes na marcha de sábado, “não é importante”, declarou Mário Nogueira.

“Certamente, serão mais do que os 10 mil que ainda há poucos dias se manifestavam frente à Assembleia da República, por outros interesses”, disse, numa alusão à manifestação organizada recentemente pelos colégios privados.

Ainda que recuse comprometer-se com números, Mário Nogueira adiantou que já há três comboios especiais organizados para trazer manifestantes do norte do país, assim como já estão programados vários autocarros a partir de todas as capitais de distrito em direção a Lisboa: “Nós pensamos que [a marcha] vai ter muita gente”.

Esta iniciativa recolhe o apoio de toda a esquerda parlamentar. Na passada semana o PS apelou, em comunicado, à participação na marcha. Bloco de Esquerda, PCP e PS anunciaram a sua presença no evento, com as confirmações de Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e uma delegação deputados socialistas.

A marcha tem início pelas 14:30, com uma concentração no Marquês de Pombal, onde a organização prevê ter algumas intervenções públicas, entre as quais a da ex-secretária de Estado Ana Benavente, e do secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos. O desfile segue depois pela Avenida da Liberdade até terminar no Rossio.