A apresentação do arquivo e do CD “Tons de Lisboa”, pela diretora do Museu, Sara Pereira, está marcada para as 12h00 desta sexta-feira, no museu, em Alfama.

“O Arquivo Sonoro Digital foi desenvolvido no quadro do Plano de Salvaguarda inerente à inscrição do Fado na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, e trata-se de um importante projeto de proteção, estudo e valorização do património fonográfico português, e todo o programa foi desenvolvido em conformidade com as normas e protocolos da International Association of Sound and Audiovisual Archives [IASA]”, disse à Lusa Sara Pereira.

O “acesso é livre” e as gravações, “devidamente tratadas e digitalizadas”, situam-se, cronologicamente, entre 1900 e 1950, sendo “cerca de metade de ainda antes da gravação elétrica, isto é anterior a 1927”.

O Arquivo Sonoro Digital “inclui discos do Museu, da coleção Bruce Bastin, adquirida pelo Estado português em 2009, e incluirá, no futuro, repertórios na posse de outras instituições que se queiram associar” ao Museu do Fado.

Entre as vozes que será possível ouvir está a de Júlia Florista, uma das figuras lendárias da história fadista, mas as primeiras gravações são dominadas por atores do teatro de revista, segundo Sara Pereira.

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“Encontrámos 62 repertórios interpretados pela famosa Júlia Mendes e 12 faixas de Maria Vitória, e ainda vários discos da famosa Júlia Florista ou de Manassés de Lacerda, e ainda gravações de importantes guitarristas como Petroline, Carmo Dias, Armandinho ou Artur Paredes”.

A nova etiqueta discográfica, “Museu do Fado – Discos”, visa “apoiar os artistas, ser um cartão de visita para os fadistas que têm talento, mas não chegam às discográficas, [permitir-lhes ter] um disco com o qual se possam afirmar dentro e fora de portas”.

A responsável ressalvou que esta etiqueta “não se destina apenas a novos talentos, é transversal em termos de gerações, e visa também editar gravações históricas”.

O primeiro CD é do guitarrista José Manuel Neto, “Tons de Lisboa”, o que, segundo Sara Pereira, “coloca desde já a fasquia muito alta, mas é indiscutivelmente um virtuoso”.

A coordenação desta etiqueta será feita pelo Museu do Fado, adiantou à Lusa, “mas trabalhando muito de perto com a comunidade artística e, tanto quanto possível, com a universidade, nomeadamente gravações ao vivo no Museu, com alunos de sonoplastia, que vêm aprender as boas práticas de gravação”.