Dois médicos e uma farmacêutica, indiciados de um crime de burla qualificada que terá lesado o Estado em perto de um milhão de euros, foram proibidos na sexta-feira pelo Tribunal de Santarém de se ausentarem do país.

Os dois médicos e a farmacêutica foram detidos na quinta-feira pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária, no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público e relacionado com a investigação de fraudes ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), correndo os autos no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Tomar.

Em comunicado, a presidência do Tribunal Judicial da Comarca de Santarém afirma que, após primeiro interrogatório judicial dos três arguidos, realizado na sexta-feira, estes foram indiciados pela prática de um crime de burla qualificada, punível com pena de prisão de dois a oito anos, ficando a aguardar o desenvolvimento do processo sujeitos a várias medidas de coação.

O juiz de instrução determinou apresentações periódicas obrigatórias, três vezes por semana, na entidade policial da área da respetiva residência, proibição de se ausentarem para o estrangeiro, sem comunicação, “devendo dois dos arguidos juntar aos autos os respetivos passaportes de que sejam titulares”.

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Os três detidos estão igualmente proibidos de se ausentarem da área da respetiva residência, salvo para o exercício profissional, de contactos entre um dos arguidos e os outros dois arguidos, de contactos com os utentes cuja identidade foi usada para a emissão das receitas investigadas nos autos, bem como com as testemunhas já inquiridas, trabalhadores ou colaboradores e diretores dos lares em que um dos arguidos faz voluntariado.

Aos dois arguidos médicos, de 45 e 57 anos, foi determinada a suspensão da possibilidade de emitirem receituário privado e ao que prestava serviço de voluntariado num lar suspensão dessa atividade.

A farmacêutica, 36 anos, ficou suspensa das funções de diretora técnica de farmácia.

Em causa no processo estará um esquema fraudulento com o objetivo de obtenção de lucros ilícitos através da emissão de receitas médicas fictícias referentes a medicamentos a fim de que a taxa de comparticipação paga pelo Estado revertesse para os suspeitos.

Em comunicado, a PJ afirma que no decurso da operação que levou à detenção foram realizadas dez buscas, entre domiciliárias e não domiciliárias, tendo sido apreendido diverso material relacionado com a prática da atividade criminosa em investigação.

Segundo a PJ, a investigação prossegue no sentido de determinar todas as condutas criminosas e o seu alcance, bem como o prejuízo total causado ao Estado Português através de comparticipações obtidas fraudulentamente do SNS.