No auge da II Guerra Mundial, os Estados Unidos viram-se obrigados a aumentar o volume de trabalho nos departamentos de investigação. Durante os anos 20 — uma época de relativa calma na História norte-americana — o FBI não fazia mais do que investigar crimes domésticos. Mas a guerra trouxe novas necessidades aos Estados Unidos e aos seus aliados. E tudo mudou.

De apenas 25 trabalhadores nos anos 20, o FBI passou a ter 20 mil “meninas do Governo” — a maior parte dos recrutados eram mulheres — ao serviço dos Estados Unidos, todas em busca de uma maior qualidade de vida ou motivadas por um sentimento patriótico. Antes de a II Guerra ter disparado, os funcionários analisavam 800 mil impressões digitais ligadas a suspeitas de crime dentro dos Estados Unidos. Mas, em 1943, os escritórios do FBI já tinham de lidar com cerca de 70 milhões de impressões digitais e a organização viu-se obrigada a trocar de instalações.

Foi então que a secção de análise do FBI se mudou para um edifício colossal com 744 metros quadrados de área em Washington que pertencia à Guarda Nacional. Chamavam-lhe “a fábrica de impressões digitais”. Lá dentro perseguiam-se os espiões sob suspeita, recolhiam-se informações no estrangeiro, sondavam-se os desertores, identificavam-se os imigrantes e investigavam-se os próprios colegas.

Todos eram suspeitos em plena guerra mundial, até mesmo quem se declarava amigo dos Estados Unidos. Os arquivos na “fábrica das impressões digitais” incluíam a informação de membros das Forças Armadas, agentes estrangeiros ao serviço dos Estados Unidos, fabricadores de materiais de guerra e todas as mulheres que trabalhavam naqueles corredores da capital norte-americana. Só durante a II Guerra Mundial, os agentes apresentaram 20 mil relatórios de sabotagem aos departamentos de análise do FBI. Destes, 2.282 eram reais.

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As funcionárias analisavam as impressões digitais de acordo com o Sistema Henry, um método usado nos países de língua oficial inglesa que permitia categorizar manualmente as impressões digitais através das características psicológicas das pessoas. As “meninas do Governo” passavam dez horas por dia, seis dias da semana, a contabilizar os arcos e remoinhos e a estudar os relevos de todos os dedos que passavam pelo FBI. Pesquisavam 35 mil impressões digitais por dia, escreviam um relatório sobre elas e depois entregavam as informações aos agentes especiais, que tinham por função manter os motores da guerra a funcionar. O trabalho era pago com títulos financeiros.

O fim da II Guerra Mundial não acabou com este sistema de análise do FBI. Os casos de espionagem contra os Estados Unidos e aliados continuaram a ser investigados pelo departamento até aos anos 70. Hoje em dia, a “fábrica de impressões digitais” ainda mexe, garantiu a CBS em 2009. Chama-se Serviços de Informação de Justiça Criminal e funciona num edifício com o tamanho de dois campos de futebol. Fica a quatro horas de Columbus (Ohio), altamente protegido por guardas e munido de novas tecnologias que permitem analisar milhares de milhões de impressões digitais por dia. De acordo com o que Jerry Pender, diretora assistente da “fábrica”, disse à CBS, este sistema de espionagem permite identificar 15 mil suspeitos por mês.

Veja as imagens históricas da antiga “fábrica das impressões digitais” de Washington na fotogaleria.