Não é dos primeiros austríacos a virarem a esquina e a enfrentarem o corredor da zona mista. Mas, no fundo, é a primeira cara conhecida que ali aparece. A sorte, o timing, a sua boa disposição e a posição em que estou por ali fazem com que o capitão da Áustria se aproxime mal ouve o nome a ser chamado. Christian Fuchs é de trato fácil, mostra ser aberto, honesto no que diz e, sobretudo, foge às frases e respostas feitas em que muitos jogadores se refugiam. Assim é um prazer.

A conversa é rápida, como sempre o é nestas circunstâncias. O Portugal-Áustria acabou há pouco e o jogo que era como uma final na fase de grupos para as duas seleções acabou com um zero bem redondo. Ninguém marca, mas a seleção acaba com 27 remates e Fuchs com a cabeça feita em água por Quaresma e Nani (mais estes dois) e Ronaldo (menos este). Ele até está habituado a emoções fortes e correrias doidas para tapar caminhos no lado esquerdo, que é seu na seleção austríaca e no Leicester City, com o qual foi campeão inglês há cerca de um mês. Mas ter de levar com jogadores “com esta classe individual” foi outra coisa.

Muitas oportunidades, mas um zero a zero. O que achaste do jogo?

Não acho que tenha sido um empate aborrecido. Claro que defendemos muito, mas acho que estivemos bem, sinceramente. Ficámos desiludidos com o resultado frente à Hungria e hoje mostrámos no campo que somos uma equipa, enquanto lutávamos contra jogadores de classe mundial.

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Sentiram-se muito apertados lá atrás?

É difícil defender contra uma equipa que tem tanta classe na frente. Mas estivemos bem e, com um pouco mais de sorte na frente, até podíamos ter marcado.

Não vos surpreendeu o facto de Portugal jogar com três homens no ataque em vez de dois, como jogou contra a Islândia?

Estávamos preparados para várias formações, sabes? Obviamente que esperávamos que o Quaresma pudesse jogar, tínhamos sido avisados para isso.

Mas demoraram algum tempo para se adaptarem, no início, não?

A meu ver, não. À medida que o jogo se desenvolvia nós íamos assentando no jogo, fomos jogando cada vez melhor. Mas, sabes, com jogadores que têm tanta classe individual, a certa altura eles podem furar-te a defesa e criar ocasiões para marcar. Não duvido que tivemos sorte na defesa, claro, mas defendemos bem como equipa e também merecemos ter alguma sorte.

Portugal's forward Ricardo Quaresma (L) vies with Austria's defender Christian Fuchs during the Euro 2016 group F football match between Portugal and Austria at the Parc des Princes in Paris on June 18, 2016. / AFP / KENZO TRIBOUILLARD (Photo credit should read KENZO TRIBOUILLARD/AFP/Getty Images)

Foto: KENZO TRIBOUILLARD/AFP/Getty Images

O Ronaldo, o Nani e o Quaresma caírem todos no teu lado. Quem foi o mais difícil de lidar?

[Suspira, deita um pouco de ar para fora] Oh, eles estavam por todo o lado, andavam sempre a trocar de posições na frente do ataque. Acho que toda a equipa de Portugal fez um grande jogo, não foi fácil defender contra eles, não quero estar a individualizar.

Quanto à Áustria, tiveram aquele livre do Alaba e, logo no início da segunda parte…

E a oportunidade do Harnik, com o cabeceamento.

Ah, sim, claro, no arranque do jogo.

Por isso tivemos mais oportunidades do que pensas, hein? Aaaahhhhh, vês [ri-se, ligeiramente].

Exato.

Às vezes uma oportunidade basta. Era isso que estava a dizer, percebes? No geral, acho que tivemos um pouco de azar também. No geral, estou contente com o ponto, acho que foi merecido tendo em conta o desempenho que mostrámos. Fizemos tudo pela equipa.