O que uniu os destinos de André Ramos, de 35 anos, Filipe Pereira, de 38, e André Costa, de 36? O gosto por viajar. Os três sempre tiveram nas viagens uma paixão. Quando procuravam um novo destino, faziam-no como a maioria o faz hoje: na Internet, em sites como o Booking, o Skyscanner ou o Trivago. Com o tempo, porém, os três começaram a sentir que era difícil fugir às capitais europeias e aos principais destinos que esses sites sugeriam. “Chegámos a uma certa altura em que descobrir novos destinos começou a ser muito complicado”, lembra André Ramos ao Observador.

Os três queriam descobrir destinos únicos, invulgares, até, mas adaptados aos seus próprios interesses. E queriam fazê-lo através da Internet, de uma forma rápida e simples. Puseram mãos à obra. “Como acontece com outras startups, vimos uma necessidade que não estava a ser resolvida e criámos nós próprios a solução”. Lançaram, em maio de 2015, o Tripaya, um site que permite aos utilizadores encontrarem destinos turísticos de uma forma smart.

No Tripaya, os visitantes definem que tipo de viagem procuram — se um destino cultural, balnear, de neve, com boa vida noturna ou ideal para romance ou diversão em família, por exemplo —, quanto querem gastar e quando querem viajar. O site trata do resto e traz-lhe, garantem eles, a viagem mais adequada ao que se procura: seja ela uma visita romântica a Paris ou uma ida até ao pequeno paraíso balnear de Oludeniz, Turquia.

Quisemos criar um site que fosse muito mais do que apenas reservar voo e hotel, que ajudasse as pessoas a descobrirem novos destinos. O Tripaya vai-nos ajudar a encontrar destinos que muito provavelmente nem sabíamos que existiam, que não aparecem nos sites de viagens habituais. O que estamos a fazer, no fundo, é sugerir os voos e os hotéis.”, explica André Ramos.

30 mil visitas em maio e um crescimento pelo passa a palavra

Tripaya_Destino

Exemplo de um destino sugerido pelo site a um visitante que procura passar um fim-de-semana de férias num destino balnear, com um orçamento de 2.000 euros

O site, acrescenta o cofundador da Tripaya, está online há um ano e desde aí já se juntaram mais duas pessoas à equipa, que assentou base na Startup Lisboa mas que vai “passando temporadas noutros sítios”. Têm vindo a crescer “todos os meses, quase dois dígitos por mês”, um crescimento que tem ocorrido de forma “orgânica” e que foi acontecendo “muito através do passa a palavra“, já que “não temos investimento e ainda não fizemos campanhas de publicidade”, diz André Ramos. No último mês chegaram às 30 mil visitas — um número importante porque “o modelo de negócio [do site] passa por gerar tráfego para os nossos parceiros”, explica o responsável.

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Por exemplo, quando reencaminhamos para o site, digamos, da TAP, ganhamos uma fee [taxa] por gerar essa lead. Estamos a gerar tráfego aos nossos parceiros — a TAP e as outras agências não são nossos parceiros, mas acabam por ser porque estamos a gerar tráfego para eles, numa fase anterior à reserva, quando as pessoas ainda estão à procura de inspiração. Com isto, acabamos por ser um agregador em que quanto mais pessoas trazemos ao site, mais leads estamos a gerar.”, resume.

Em relação à faturação da empresa, André Ramos prefere não adiantar valores. Diz apenas: “como estamos a crescer em termos de visitas, isso reflete-se também no crescimento” da faturação. A taxa de conversão do site — isto é, a percentagem de visitantes que acabam por fazer uma reserva através das pesquisas ali feitas — “ronda os 15%”. Já no que toca aos visitantes, desde que o site foi lançado, surgiram de 130 países diferentes, diz André Ramos.

“Apresentamos os preços mais baratos”

Apresentação de custos de passagens aéreas para determinado destino, a determinado dia, na versão “mobile” do Tripaya

Aos utilizadores, o cofundador do Tripaya garante algo que, quando falamos em viagens e férias, tem cada vez mais importância: que ali os utilizadores podem encontrar os preços mais baixos para cada destino, seja nos voos seja nos hotéis que o Tripaya sugere.

O cliente quando compra voo e hotel não paga mais por estar a usar o Tripaya, porque nós não somos uma agência de viagens online, somos um agregador, comparamos todos os sites que existem de voos e apresentamos os preços mais baratos. Tudo para garantir que o utilizador escusa de estar a procurar em diferentes sites: nós temos as tarifas mais baixas”, garante.

Desde o início foi alvo de atenção por parte da equipa do Tripaya o design do site. “Uma das coisas que sempre senti é que, quando vou a um site de viagens, tem sempre muita publicidade, muitas promoções. Isso chateava-me”, conta André Ramos. André, ao contrário de Filipe Pereira e André Costa, não tinha qualquer experiência anterior no setor do turismo (“tenho experiência em muitos outros setores, como o mobiliário, o automóvel e a energia”). Mas viu no problema uma oportunidade e acabou ele mesmo a desenhar o site.

Fui eu que desenhei o site e desenhei um bocado do ponto de vista do utilizador. Desenhei aquilo que [enquanto cliente] gostaria que um site de viagens tivesse.”, conta.

Encontramos mesmo a viagem certa para os nossos interesses?

Outra das coisas que mais tempo demorou à equipa do Tripaya foi associar os interesses dos utilizadores aos destinos mais indicados. Porque é que o site considera um determinado destino interessante para quem procura uma viagem culturalmente enriquecedora, por exemplo? Devido a longas horas de pesquisa, feitas em “sites e blogues”, que levaram à criação de um “ranking” que hierarquiza os destinos e coloca, por exemplo, Paris como “O” destino a visitar para quem vai à procura de uma viagem romântica, exemplifica André Ramos.

Isso foi um trabalho feito pela equipa. Lançámos o site em maio do ano passado mas já o começamos a desenvolver quase um ano antes. Foi ao longo desse ano que a equipa esteve a fazer um trabalho de pesquisa, em todos os sites, em todos os blogues, para angariar toda a informação possível. Quando dizemos que um destino é bom para romance não é porque alguém da equipa achou que era, é porque analisámos inúmeros sites onde aquele destino aparecia constantemente como [indicado] para romance. Paris, por exemplo, está no máximo nesse indicador devido a essa pesquisa”, afirma o responsável.

O futuro passa por consolidar o site e continuar a crescer. “Agora vamos começar a apostar em publicidade” e, no futuro, os planos passam por “acrescentar restaurantes e atrações locais” ao motor de busca do site, revela o responsável.

*Tive uma ideia! é uma rubrica do Observador destinada a novos negócios com ADN português.