A saída do Reino Unido da União Europeia ganhou no referendo que teve lugar esta quinta-feira, mas o Brexit está longe de servir todos os britânicos. Além de Escócia e Irlanda do Norte terem claramente votado a favor da permanência, também os mais jovens se sentem mal representados com esta decisão.

Segundo o site de sondagens britânico YouGov, a grande maioria dos votantes até aos 24 anos queria permanecer na União Europeia. E mesmo a franja dos 25 aos 49 anos estava mais inclinada para o Bremain. Mas foi o Brexit, escolha principal dos mais velhos – muitos acima dos 65 anos -, que venceu. O que os mais jovens reclamam é que não serão os mais velhos a sofrer as principais consequências desta decisão (à partida) irrevogável.

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Mais, os jovens com 16 e 17 anos que não puderam votar reclamam exatamente isso: que têm idade para que lhes exijam certas responsabilidades, mas não têm idade para decidir o que será o seu futuro.

“Daqui a nove meses terei 18 anos, mas aparentemente pessoas com 90 anos estão mais qualificadas para decidir o meu futuro.”

https://twitter.com/stephgholmes/status/746364667627507712

“A idade de voto deveria ter sido reduzida para os 16 anos, é o NOSSO futuro que será mais afetado, por isso deem-NOS um voto justo.”

E esta tendência de voto, mais jovens a defenderem a permanência e mais velhos a defenderem a saída, mantém-se em todos os partidos, com exceção do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP), como mostra o gráfico do Yougov.

Por outro lado, quanto maior o nível de formação, menor a tendência para votar a favor da saída – mais uma vez com exceção do UKIP -, mostra o YouGov.

“Em meu nome não”

Nas redes sociais, em particular no Twitter, a reação dos mais jovens e de quem defendeu a permanência não se fez esperar com a hashtag #NotInMyName (“Em meu nome não”), mas também com #OneOfThe48 (“Um dos 48%”), #NotMyIndependenceDay (“Não é o meu dia da independência”) ou #NotMyvote (“Não é o meu voto”).

“Queria que os meus filhos gozassem a liberdade e segurança e que tivessem um grande futuro. Obviamente que outros não.”

“Nunca tive tanta vergonha do meu país.” Uma declaração repetida por outros utilizadores do Twitter. “Isto vai ser um caos. Zangada, chateada e devastada.”

“Querida Europa. Lamento imenso.” Um pedido de desculpa feito também por outros utilizadores.

“O mundo diz que o povo britânico falou, mas deixem-me ser claro, esta decisão é #NotInMyName [Não é em meu nome].”

“Sabem como lemos livros de história e nos rimos de quão estúpidas eram as pessoas? É o que vão fazer os nossos filhos.”

Em resposta a Nigel Farage, que disse o Brexit foi uma “vitória das pessoas reais, comuns e decentes”, @ObvItsAndrew responde que é normal, decente e real, mas que a vitória do Brexit não é para ele.

https://twitter.com/KCPlusTwo/status/746284217353539584

“O meu filho de oito anos percebeu a importância de ficar na União Europeia. Passei a manhã, antes da escola, a secar-lhe as lágrimas, enquanto lutava contra as minhas.”

https://twitter.com/AD7863/status/746250306242154497

Um comentário de um leitor no Financial Times, que lamenta que os jovens britânicos possam perder o direito de trabalhar nos restantes 27 países da União Europeia. Claro que isto depende do tipo de saída que o Reino Unido negoceie com a União Europeia. O jovem lamenta também a liberdade e as oportunidades que lhe foram roubadas.