Os chefes da diplomacia dos seis países fundadores da União Europeia (UE) reuniram-se este sábado em Berlim para debater as consequências do referendo britânico, em que os eleitores decidiram pela saída do Reino Unido da UE. À saída da reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse, citado pela DPA, que o Reino Unido deve invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa “assim que possível”.

Na reunião, presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, participaram os ministros dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Marc Ayrault, holandês, Bert Koenders, italiano, Paolo Gentilon, belga, Didier Reynders, e luxemburguês, Jean Asselborn, em representação dos seis países que a 9 de maio de 1957 assinaram o Tratado de Roma, que deu origem ao que é hoje a União Europeia (UE).

“O processo que segue o artigo 50 tem de ser iniciado assim que possível para evitar um impasse prolongado”, disse Steinmeier. O ministro luxemburguês afirmou, citado pela DPA, que o Reino Unido não pode “jogar ao gato e ao rato” atrasando as negociações com a UE e causando uma enorme insegurança nos mercados.

Numa entrevista ao jornal alemão Bild, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, também defendeu que este divórcio deve acontecer o mais cedo possível. “O artigo 50 prevê os termos de saída da União Europeia e também aqui não pode haver renegociação.”

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Depois de uma reunião com os líderes partidários, a chanceler alemã Angela Merkel também defende que o Reino Unido deve apresentar uma proposta sobre as ligações que pretende manter com a Europa.

Antes da reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, citado pela AFP, tinha dito: “Estou confiante que estes países também podem enviar uma mensagem de que não vamos deixar que ninguém nos tire a Europa.” Frank-Walter Steinmeier considera o projeto europeu um caso de sucesso em termos de paz e estabilidade e indicou que o grupo está empenhado em mantê-lo e reforçá-lo nesse sentido.

O objetivo desta reunião, promovida sobretudo pela Alemanha e França, era prevenir os movimentos eurocéticos que têm crescido no seio da União Europeia, nomeadamente em França e Holanda. “Tem de nos ser dada a oportunidade de mostrar que a Europa é necessária, mas também capaz de agir.”

“Acho que é claro que estamos numa situação em que nem a histeria, nem a paralisação, são permitidas”, disse o ministro alemão. “Não devemos precipitar-nos em tomar uma ação, fingindo que temos todas as respostas. Mas também não devemos cair numa depressão ou inação depois da decisão britânica.”

Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair da União Europeia (UE), depois de o ‘Brexit’ ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, cuja taxa de participação foi de 72,2%.

O Reino Unido, cujos eleitores escolheram na quinta-feira sair da UE, a Irlanda e a Dinamarca foram os países do primeiro alargamento da Comunidade Económica Europeia, a 1 de janeiro de 1973.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou já a sua demissão com efeitos em outubro. Mas o ministro dos Negócios Estrangeiros francês prefere que as negociações para a saída do Reino Unido comecem o quanto antes e que haverá muita pressão sobre David Cameron nesse sentido, refere a AFP.

Numa primeira reação, os presidentes das instituições europeias (Comissão, Conselho, Parlamento Europeu e da presidência rotativa da UE) defenderam um ‘divórcio’ o mais rapidamente possível, “por muito doloroso que seja o processo”.