O presidente do Banco Central Europeu, em Portugal para o Fórum do BCE, admitiu esta segunda-feira a sua tristeza pelo resultado do referendo no Reino Unido, que ditou a vitória da defesa da saída da União Europeia.

“Estava a tentar encontrar a melhor palavra para descrever o que aconteceu. Penso que a melhor palavra é tristeza, o que todos estamos aqui, quando testemunhamos uma mudança desta dimensão”, afirmou Mario Draghi, na nota de abertura do jantar de boas-vindas do Fórum do BCE, que acontece pelo terceiro ano consecutivo em Sintra.

No entanto, o responsável, que tinha como tarefa apenas dar as boas-vindas e apresentar o único orador da noite, o economista que foi vice-presidente da Reserva Federal e conselheiro do ex-presidente dos EUA Bill Clinton, não quis demorar-se no tema e disse aos presentes para se concentrarem no tema da conferência – o futuro da arquitetura monetária e financeira internacional – em vez de no Brexit.

“Vamos deixar de parte as questões que temos para os nossos amigos britânicos”, disse.

Esta tarde, o BCE deu conta que precisamente Mario Draghi sairá mais cedo de Sintra, cancelando o painel de luxo que encerrava a conferência e em que participavam Janet Yellen, presidente da Reserva Federal dos EUA, e Mark Carney, governador do Banco de Inglaterra, e que era moderado pelo ex-presidente do BCE Jean-Claude Trichet.

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O motivo é a participação na reunião do Conselho Europeu, onde os líderes da União Europeia se irão reunir a partir de terça-feira para discutir precisamente o resultado do referendo, estando já prometida uma reunião dos líderes sem a presença de David Cameron.

O governador do Banco da China também já havia cancelado a sua presença, noticiada pelo Dinheiro Vivo esta segunda-feira.

Entretanto, em Sintra, economistas e banqueiros centrais tentam discutir o tema da conferência com a nuvem do Brexit a pairar. Na primeira intervenção, Alain Blinder evitou o tema, ainda assim com alguns comentários laterais, focando-se na independência dos bancos centrais.

O economista apresentou uma sondagem entre banqueiros centrais e macroeconomistas para avaliar se durante o período desde a crise financeira os bancos centrais perderam ou ganharam independência. Apesar de uma confluência no meio – nem perderam nem ganharam -, os economistas consultados consideram que os bancos centrais perderam independência, e os banqueiros centrais que mantiveram ou até mesmo ganharam, uma divergência de opiniões que o economista considera pouco comum.