Morreu o ator Bud Spencer. De origem italiana, foi um dos mais famosos intérpretes do género cinematográfico western spaghetti. Morreu esta segunda-feira à tarde, com 86 anos, num hospital de Roma.

Nascera em 1929, em Nápoles, com o nome de Carlo Pedersoli, mas o mundo conheceu-o como Bud Spencer, o gigante barbudo que marcou uma geração de cinéfilos ao participar em inúmeros westerns cómicos, quase sempre ao lado do grande amigo Terence Hill, também italiano.

Terence Hill era Trinitá, o cowboy insolente (1970). Bud Spencer era o inseparável Bambino. O filme foi um tal sucesso que Hill ficou com o rótulo de Trinitá para sempre, embora tenha havido apenas uma sequela (Continuaram a chamar-lhe Trinitá – 1971). Os dois, que tinham contracenado pela primeira vez em 1959 num filme sobre as guerras púnicas (Aníbal e os elefantes), fizeram ainda inúmeros filmes juntos.

Em 1968, dois anos antes de estrear o primeiro Trinitá, Bud Spencer já tinha no currículo alguns westerns feitos em Itália. O crítico de cinema Roger Ebert encontrou-o perto de Roma a filmar mais uma dessas películas, Os cinco bandoleiros. “Ele tirou duas horas para comer um prato de esparguete, uma costeleta, uma salada, uma taça de sopa, outra costeleta e mais esparguete, tudo empurrado por um litro ou dois de vinho”, descreve Ebert. Mas, mais importante do que as preferências gastronómicas do ator, o crítico registou o que Bud Spencer lhe disse na altura. “O que eu gostava mesmo de fazer um dia era uma paródia destes westerns. Já fizemos tantos westerns em Itália que, de certeza, já ganhámos o direito a fazer uma paródia.”

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Ganhou mesmo e tomou-lhe o gosto. Mas a carreira cinematográfica de Carlo Pedersoli começara, anos antes, de forma inesperada. Aluno brilhante, apesar de ter mudado de cidade diversas vezes durante a infância, Spencer chega à universidade com 17 anos, para estudar química. Não chega a concluir os estudos, uma vez que os pais mudam-se novamente, desta vez para o Rio de Janeiro. Também aí não fica muito tempo. De regresso à Itália natal, Pedersoli interessa-se a sério pela natação e até representa o país nos Jogos Olímpicos de 1952 e de 1956.

Em 1951, Bud Spencer era nadador profissional e estudante de Direito. Tinha 21 anos e o desporto dera-lhe o corpo atlético necessário para entrar como membro da Guarda Imperial em Quo Vadis, que então estava a ser rodado nos estúdios Cinecittà, em Roma, de onde saiu grande parte dos sucessos do cinema italiano. O papel era modesto e nem sequer foi creditado, mas abriu definitivamente as portas da sétima arte a Pedersoli, que uns anos depois conseguirá o primeiro papel a sério da carreira, em Um Herói dos Nossos Tempos.

Depois de Aníbal e os elefantes (1959), onde conheceu o companheiro de peripécias futuras, Carlo Pedersoli só voltaria aos ecrãs em 1967, já com o nome artístico que lhe deu fama. Bud Spencer consegue o papel de co-protagonista em Deus Perdoa…Eu não e, a partir daí, lança uma carreira de sucesso baseada quase sempre no mesmo tipo de personagem: um cowboy bonacheirão e divertido.