A decisão dos britânicos de sair da União Europeia aumentou as incertezas sobre a economia mundial, numa altura em que o crescimento chinês desacelera, considerou hoje o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, depois do fórum de verão de Davos.

As supercapacidades industriais, a estagnação do investimento e o declínio da procura na segunda economia mundial, foram temas abordados por Li Keqiang depois da reunião, que teve lugar neste ano na cidade portuária de Tianjin — norte da China.

O voto britânico da semana passada já teve impacto nos mercados financeiros internacionais e “trouxe ao mundo novas incertezas”, segundo o primeiro-ministro chinês.

Li Keqiang disse que Pequim quer que a UE se mantenha unida e estável e espera um Reino Unido “estável e próspero”.

O primeiro-ministro chinês reconheceu que “devido ao ambiente internacional pesado e complicado e a problemas internos acumulados desde há muito tempo e profundamente enraizados, as bases de uma economia chinesa estável não são sólidas”.

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“As pressões sobre a economia são relativamente fortes e as dificuldades não podem ser subestimadas”, segundo Li Keqiang.

Apesar disto, o primeiro-ministro chinês empenhou-se em tranquilizar o público, assegurando que o reconhecimento das dificuldades por parte de Pequim mostra a sua determinação e as suas capacidades de superação.

A economia chinesa, pilar do comércio mundial, não vai ter um “desembarque violento”, acrescentou.

O “Davos de verão” de Tianjin – que reuniu 2.000 decisores económicos e políticos de mais de 80 países – estava inicialmente centrado nas ciências e nas tecnologias, mas o Brexit mudou o programa.

Um debate, no domingo, sobre o referendo britânico fez com que vários participantes ficassem em reflexão.

“Nós não temos sido bons” nas ações para ajudar as pessoas comuns, avaliou Adrian Monck, um dos dirigentes do fórum económico mundial.

“Não há dúvida que as elites (…) viram o tecido social a desfazer-se nas economias industrializadas e não fizeram nada”, acrescentou Ian Bremmer, o Presidente do centro de reflexão americana Eurasia Group.

O voto britânico é então, disse ele, um “comportamento racional” de pessoas que sentem que foram abandonadas pela globalização.

Mas nem todos os participantes foram tão gentis em relação aos resultados do referendo. Ian Bremmer disse mais tarde pelo Twitter: “Aqui está o que acontece quando se deixa a população governar através do voto”.

Nouriel Roubini, economista reputado por ter previsto a crise financeira de 2008, disse que o Brexit pode ser “o começo da desintegração da União Europeia”, mas que não espera uma crise financeira ou uma recessão mundial.