Max Yasgur não queria acreditar no que via no quintal de sua casa em meados de agosto de 1969. “Nunca tinha visto uma multidão tão grande neste sítio. Acho que os miúdos só conseguiram provar que as pessoas se podem mesmo juntar puramente pela diversão e pela música”. Yasgur era um simples camponês, proprietário do terreno rural alugado para o Festival de Woodstock. E “os miúdos”eram Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld, os mesmos que abriram portas ao que muitos chamam de “a maior manifestação de paz e de amor” da História da humanidade.

Entre 15 e 17 de agosto de 1969, 400 mil pessoas reuniram-se naqueles 250 hectares nova-iorquinos. Nenhuma tinha mais que 30 anos, escrevia o New York Times. Iam para ouvir os sons da contracultura dos anos sessenta e setenta, como os de The Who, Jimmy Hendrix, Crosby e Stills and Nash, que marcaram o auge da geração hippie. A cidade norte-americana ficou inundada de gente, de tal modo que a vila de Bethel, no condado de Sullivan, foi considerada uma “área de calamidade pública” pelas autoridades.

Quem em Woodstock tinha um lema de vida: “Sexo, drogas e rock & roll”. Havia quem fizesse amor em público com vista para os jardins rurais, havia quem vendesse, comprasse e consumisse drogas pesadas sem receio das consequências. Tudo isto ao som das guitarras mais famosas do rock and roll, incluindo a de Jimmy Hendrix a tocar o hino nacional norte-americano intercalado com o som de bombas a explodir, numa clara manifestação contra a guerra.

Este não foi o primeiro festival de grandes dimensões do final dos anos 60. Em 1967, o festival de Monterey (Califórnia) conseguiu chamar 50 mil pessoas, mas Woodstock conquistou oito vezes mais. Mesmo com artistas como The Beatles, The Doors, Led Zeppelin ou Bob Dylan a recusar os convites dos organizadores do evento, mais de 200 mil pessoas compraram o bilhete a 18 dólares (que atualmente valeria 65 euros). As estradas ficaram entupidas de trânsito. Havia tanta gente que os participantes começaram a afastar as grades e muitos conseguiram entrar no festival sem pagar.

Nem tudo foi perfeito. Registaram-se duas mortes (uma por overdose de heroína, outra por atropelamento por um trator), dois partos (um dentro de um carro no trânsito, outro num helicóptero a caminho do hospital) e quatro abortos. Ainda assim, o Festival de Woodstock – que não voltou a ser organizado com os mesmos parâmetros – ficou para a História como um das maiores manifestações culturais de sempre. Veja as imagens na fotogaleria.

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