O primeiro-ministro, António Costa, disse que a aplicação de sanções a Portugal por défice excessivo seria “um péssimo sinal” e apelou à Comissão Europeia para ouvir o que diz o seu presidente.

“Se isso vier a acontecer [a imposição de sanções a Portugal por défice excessivo], isso seria um péssimo sinal, significaria que a Comissão Europeia não perceberia o que se está a passar hoje na Europa“, disse o primeiro-ministro, em declarações à entrada para o Conselho Europeu. Já ao final do dia, em declarações à SIC, Costa havia de acrescentar que é “absolutamente incompreensível para qualquer pessoa” que a Comissão avance por este caminho: “Como é que em vez de pensar numa solução política para resolver o problema, pensa numa solução burocrática?”.

Considerando a saída do Reino Unido, a crise dos refugiados, a ameaça terrorista, Costa atirou: “É absolutamente ridículo estarmos a discutir 0,2% da execução orçamental do anterior Governo, para mais num ano em que, mesmo nas piores previsões da Comissão Europeia, é garantido que cumpriremos um défice abaixo dos 3%”.

“Infelizmente, a Comissão Europeia já me desiludiu suficientes vezes para eu poder ter a certeza de que não me desilude novamente”, adiantou o primeiro-ministro, recomendado ao Colégio de Comissários que “ouça a voz” do seu presidente, Jean-Claude Juncker.

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“O presidente Juncker tem tido uma posição particularmente correta e empenhada”, considerou.

O primeiro-ministro adiantou ainda que, olhando para a execução orçamental até maio, o país está “muito melhor do que essas previsões” de Bruxelas.

António Costa salientou também ser incompreensível a acusação ao anterior Governo, de Pedro Passos Coelho, de falta de empenho no cumprimento do défice.

“Até eu, que sou absolutamente insuspeito, me sinto chocado” com a hipótese da aplicação de sanções, adiantado que “é injusto para o anterior Governo e seria completamente disparatado”.

A Comissão Europeia vai decidir no início de julho qual a recomendação que fará ao Conselho da UE sobre eventuais sanções a Portugal e Espanha no âmbito do Procedimento por Défice Excessivo (PDE).

Este texto foi atualizado às 20h21 com declarações do primeiro-ministro à SIC.