Maria Luís Albuquerque acusou esta quarta-feira o ministro das Finanças de usar uma “estratégia desculpabilizante” para admitir um menor crescimento da economia portuguesa neste ano. Falando aos jornalistas no Parlamento na sequência das declarações de Mário Centeno a admitir uma revisão em baixa das previsões de crescimento para este ano, a ex-ministra afirmou que cabe ao Governo “corrigir a trajetória” económica do país, pelo que não deve usar “desculpas” externas, como o Brexit.

“O calendário político deste ano era conhecido há já muito tempo. Sabia-se que alguns destes riscos se podiam materializar, e quando confrontado com estas perguntas, o ministro das Finanças sistematicamente repetia que tinha margens [orçamentais]”, disse a vice-presidente do PSD em declarações aos jornalistas no Parlamento, instando o Governo a “corrigir o que tem de ser corrigido”.

“Nós sabíamos e sempre alertamos que este cenário macroeconómico não era realista e que ia ter custos para os portugueses”, acrescentou.

Em entrevista hoje publicada no jornal Público, o ministro das Finanças admite que o governo irá — “tudo pondera nesse sentido” — cortar as projeções de crescimento económico que suportam o orçamento, apontando o dedo a fatores externos: “Tem havido uma sucessão de revisões que neste momento, face às nossas projeções iniciais, já têm uma dimensão significativa”, disse, afirmando que será necessária uma “aceleração” para chegar à estimativa mais pessimista, a da OCDE.

Pouco depois, o primeiro-ministro António Costa viria a esclarecer e retificar as palavras do ministro. Costa garante que se houver mudanças no cenário macroeconómico essas mudanças apenas incidirão sobre “evoluções futuras” da economia. Já quanto a 2016, “os dados estão lançados e dão contas certas”, defendeu.

Sobre este aparente desentendimento, Maria Luís Albuquerque apelidou-o de “desacerto lamentável”. Também questionado sobre esta situação, viria a ser o deputado socialista João Galamba a defender que não houve “nenhuma contradição”, uma vez que Centeno se estaria a referir ao “crescimento real do PIB”, sendo que “é o PIB nominal que explica os resultados” para este ano.

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