Espingardas G3, caçadeiras, carabinas, carregadores, silenciadores, miras telescópicas e dezenas de milhares de munições dos mais diversos calibres. O arsenal esteve esta quarta-feira exposto em cima de uma mesa, que a Polícia Judiciária de Lisboa preparou, e resulta de meses de investigação. Por trás, uma rede criminosa que se dedicava à venda ilegal de armas. São onze os suspeitos detidos, entre vendedores e alguns clientes. Mas quem compra este tipo de armas?

“Pessoas que cometem crimes, pessoas que se sentem ameaçadas ou mesmo pessoas que não conseguem obter uma arma no mercado legal porque a Lei das Armas assim o impede”, revela ao Observador o diretor da Unidade Nacional Contra Terrorismo, Luís Neves.

O responsável não tem dúvidas que grande parte destas armas terá sido usada para cometer crimes. “São as armas que se usam em assaltos à mão armada, por exemplo a postos de abastecimento de combustível”, refere. As armas e as munições serão agora entregues ao Laboratório de Polícia Científica para serem alvo de perícias. A PJ quer saber se foram usadas nalguns crimes que está a investigar.

Há já alguns meses que os inspetores da PJ tinham este “negócio” debaixo de olho. A investigação começou num bairro em Loures, onde se suspeitava serem vendidas armas de fogo. E acabou por levar estar terça-feira a polícia a dezenas de outros locais, em Lisboa, Setúbal, Leiria e Évora à procura de algumas armas.

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Quando partiram para o terreno, os inspetores levavam seis mandados de detenção por suspeitas do crime de tráfico de armas. Mas acabaram por deter cinco outros suspeitos que terão recebido as armas ilegais.

Para já, a PJ sabe que as armas eram vendidas a preços mais altos que no mercado legal. Aliás, grande parte destas armas nem sequer estão disponíveis no mercado legal por causa dos calibres, alguns de guerra. Armas que terão sido furtadas em assaltos a residências, por seu turno, serão mais baratas. “Temos agora que perceber onde eram adquiridas estas armas. Umas terão sido furtadas, mas outras podem ter sido adquiridas em Portugal ou no estrangeiro. E temos de saber a quem”, revela Luís Neves.

Os atuais detidos, que serão presentes a tribunal esta quarta-feira, já têm antecedentes criminais relacionados com o tráfico de armas e com a venda ilegal de armas.