Os Estados Unidos da América (EUA) querem que a União Europeia alivie a austeridade e que se foque mais no crescimento económico. Uma fonte da administração de Obama disse ao Financial Times que é necessário reduzir as políticas de aperto fiscal de forma a lidar com o “populismo que está a corroer o centrismo e a moderação política”, após a vitória do Brexit no Reino Unido.

“Continuamos a considerar que seria sensato numa perspetiva do aumento do emprego, e do crescimento económico no geral, aliviar a austeridade”, explicou a fonte ao jornal britânico.

A prioridade para os EUA é acalmar os ânimos na Europa em relação ao Reino Unido. Promover uma negociação pacífica para a saída é fundamental para evitar que a relação entre os EUA e Reino Unido saia prejudicada, diz a mesma fonte.

Para este responsável da administração americana, a relutância de países mais fortes como a Alemanha em fazer mais esforços no sentido do crescimento económico pode estar a aumentar a frustração das populações. Chegar a entendimentos sobre “como estimular o crescimento económico, e como encorajar maios esforços no sentido da flexibilidade fiscal, é importante”.

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Obama já tinha pedido maior preocupação com o crescimento

Esta quarta-feira, Barack Obama disse que “quer se trate da Alemanha, um país com saldo positivo, a fazer mais em termos de despesa, ou da Europa como um todo a levantar algumas das medidas de austeridade, haverá uma série de medidas que todos podemos tomar para fortalecer a economia global”, avisou o presidente dos EUA.

“A União Europeia vai ajustar-se, o Reino Unido vai ajustar-se, e os Estados Unidos vão ajustar-se, para que o impacto na saúde e vitalidade da comunidade ocidental seja mínimo”, disse a fonte da administração Obama ao Financial Times. Não é provável, aos olhos dos EUA, que haja uma reversão na decisão britânica de sair da UE. No entanto, explica o responsável, o impacto geopolítico será reduzido se houver forma de se estabelecer uma relação político-económica forte entre Reino Unido e União Europeia.

Os Estados Unidos incentivam também o Reino Unido a investir mais na defesa, e a ter um papel mais ativo na NATO, “de forma a compensar o facto de já não ser membro da União Europeia”.

“Se tivéssemos esta conversa há 20 anos, as implicações do Brexit seriam muito maiores para os EUA”, disse o oficial. “Washington usava Londres como um canal para entrar nos debates internos da Europa.”

Agora, os EUA dizem-se preparados para lidar com a saída do Reino Unido, por já terem relações mais fortes com a Alemanha e a França. Sem os principais aliados que tinham dentro da União Europeia, esta relação torna-se agora mais necessária.