“O coração aguenta. Tem de aguentar”. As primeiras palavras de Fernando Santos não podiam resumir melhor os 120 minutos mais os penáltis do jogo frente à Polónia. Mas, no fim, o selecionador disse que tinha de dar “os parabéns aos jogadores” e voltou a mostrar toda a sua confiança. “De batalha em batalha até à batalha final, acredito ainda mais que só volto para casa dia 11.”

Fernando Santos fez depois questão de explicar as questões táticas do jogo, dizendo que as coisas não correram como esperava fruto de “alguma juventude” na equipa portuguesa que, “em termos táticos se apaga um bocadinho”. Daí o susto, antes dos dois minutos. “Sofremos o golo numa desatenção, num lance que conhecíamos e isso “abanou um bocadinho.” Ao ponto de aos “20 minutos” ter de “alterar a forma de jogar”.

Mais tática. Ou estratégia. “Chamei o Renato para alterar a forma de jogar, ele teve de passar para a direita para estabilizar o jogo e entrar para dentro. Correu bem, ele fez o golo do empate e o jogo mudou. Começamos a tomar conta do jogo, mesmo sabendo que a Polónia é muito matreira e podia lançar contra-ataques”, foi desfiando o selecionador.

“Criámos as melhores oportunidades, mas acabamos por ir a prolongamento e a penáltis, o futebol é isto”. E lá veio outra vez a referência à juventude da equipa. “Os jogadores estiveram de parabéns, estiveram inexcedíveis, lutaram por tudo. Corrigimos alguns aspetos táticos, mas a inexperiência da equipa também é isto!” E agora? “Agora temos de conseguir conjugar inexperiência e capacidade de discernimento tático.”

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E depois das falhas, as coisas boas. “É preciso realçar que a equipa tem um espírito de união fantástico e foi isso que a levou a marcar penáltis com grande personalidade. Só uma equipa com grande personalidade vai para as grandes penalidades, para aquela pressão, perante uma equipa que já tinha ganho nos penáltis marcando as cinco grandes penalidades, e tem aquele sangue frio.” Falou de orgulho neste equipa, admitindo que é repetitivo: “Tenho um grande orgulho neles. Repito-me sempre nisto, mas é verdade, o que é que eu hei de dizer? É verdade, quando é verdade tenho de dizer”.

E depois do elogio coletivo, Fernando Santos passou para os individuais. Fernando Santos tem como regra não individualizar quando tem um coletivo à sua frente, mas agora foi a altura de quebrar essa regra. “Pepe fez um jogo fantástico. E estamos sempre a valorizar o Cristiano porque faz muitos golos, mas agora temos de o valorizar pela entrega que deu uma exibição espetacular.” E também falou de Renato Sanches, que “fez um excelente jogo, também não esperava outra coisa”. E confessou que, entre amigos, já chegou a compará-lo a uma glória do futebol português: “Faz lembrar Coluna no seu início, nalguns aspetos, talvez um bocadinho mais rápido”.

E já que quebrou uma regra, quebrou uma segunda: falar de árbitros. Os dois penáltis não assinalados a favor de Portugal neste europeu (falta sobre Nani, contra a Croácia; carga contra Ronaldo, frente à Polónia) fizeram Fernando Santos abrir a boca. “Continuo a ter confiança absoluta nos árbitros, acho que há árbitros fantásticos e para estarem no Europeu é certamente porque gente série e de grande qualidade”, disse, para depois juntar o “mas” que se esperava. “Mas, quer dizer, já são duas grandes penalidades que ficaram por marcar e isso pode penalizar a minha equipa. O que eu peço é isenção.

E acabou com a promessa de cumprir a promessa. “A equipa acredita, eu acredito. Estamos unidos para dar uma grande alegria aos portugueses, que foi isso que prometemos.” Seja.