Bem-vindo às meias-finais, senhor Portugal. Estamos ali só a arranjar as duas suites especiais. Oferecemos-lhe aquela que estiver mais arrumadinha e jeitosa, okay? Uma tem decoração galesa, a outra é com cheirinho belga. Há produtos típicos de cada uma dessas nações para degustar e desfrutar. Por isso, aguarde só um bocadinho aí no sofá…

Apuramento para o Euro-2016 (Grupo B)

Mostrar Esconder

1. Bélgica
23 pontos: 10 jogos, 7 vitórias, 2 empates, 1 derrota (24-5 em golos)

2. País de Gales
21 pontos: 10 jogos, 6 vitórias, 3 empates, 1 derrota (11-4)

3. Bósnia e Herzegovina
17 pontos: 10 jogos, 5 vitórias, 2 empates, 3 derrotas (17-12)

É tentador torcer pelo País de Gales, porque há sempre aquele feeling de que é Gareth Bale mais dez. Mas comparar estas duas seleções até é bem fácil: estiveram no mesmo grupo na qualificação. A Bélgica, lá está, terminou em primeiro lugar do Grupo B, com 23 pontos (sete vitórias e dois empates em dez jogos). A questão aqui é que a única derrota de Hazard e companhia foi contra o País de Gales, em junho de 2015, com um golo de Bale. Antes, na Bélgica, as duas seleções empataram sem golos. Gales terminou a dois pontos dos líderes do grupo, com seis vitórias e três empates em dez jogos.

Talentosos

É o primeiro adjetivo que nos ocorre, quando nos ocorre falar da Bélgica de hoje. Ou da de Vercauteren. Ou da de Preud’homme. Antes, como agora, falta provar algo: que o talento vence.

Marc Wilmots foi “azarado” como futebolista. Pelo menos na geração em que nasceu e se fez futebolista. Por pouco não o foi na da década de 1980, a de Jean-Marie Pfaff, Franky Vercauteren (sim, esse mesmo, que treinou o Sporting e foi “pequeno principe” em Bruxelas e no Anderlecht) ou Ludo Coeck. Ganhou o epíteto de mil volts (por estar sempre ligado à ficha) na década seguinte, na geração seguinte, a de Michel Preud’homme, Eric Gerets ou Enzo Scifo. Uma e outra eram talentosas. A primeira mais. E não falharam um só Europeu ou Mundial naqueles anos. Mas também é verdade que, nem uma nem outra, venceram nada. Zero. Tal como a geração de hoje, que há muito é apelidada d’or, mas também não reluz nas fases finais. Nos apuramentos, sim, reluz, tanto que foi a seleção n.º1 do ranking da FIFA.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Bélgica em Campeonatos da Europa

Mostrar Esconder

1972: terceiro lugar
1980: finalista vencido
1984: fase de grupos
2000: fase de grupos
2016: …

16 jogos, 7 vitórias, 2 empates, 7 derrotas (21 golos marcados, 22 sofridos)

Hoje, como selecionador, Wilmots é um sortudo. Sem aspas como as que azarado tinha. Ainda não é o sim ou sopas, todos estes futebolistas ainda vão estar no próximo Mundial ou no próximo Europeu, mas é agora, em França, que quase todos vão estar no apogeu do seu talento. Olhando para o onze base — é este, mas podia ser outro, tal a fartura –, e falando da sorte de Wilmots, assusta. Pela qualidade. Pelo poderio ofensivo — e defensivo também. Outra curiosidade belga em França é perceber como vai estar Hazard, a estrela dos diabos vermelhos. A época no Chelsea foi para esquecer, mas também por isso ele está fresco e pronto a partir a loiça toda com a sua finta curta e desconcertante. Veremos se vai ser assim.

https://www.youtube.com/watch?v=YaJ2OPexN_A

Gareth Bale corre atrás do milagre

Há gerações que têm um futebolista acima da média, sendo os restantes assim-assim ou só remediados. Paulo Futre que o diga, no final da década de 1980, começo da de 90, no pós-Chalada e pré-Figo. Não tinha quem o acompanhasse, o Paulinho. Ou que o diga Ryan Giggs, no País de Gales, que o melhor (ou menos mau) que tinha a seu lado era Gary Speed. Futre ainda foi ao México 86. Giggs nunca calçou num Mundial ou Europeu.

Hoje, o País de Galês, a seleção galesa, é diferente da do outrora extremo ziguezagueante do Manchester United. Hoje tem dois futebolistas acima da média — e não só um. Acima até da média de Giggs: Aaron Ramsey e Gareth Bale. Os dois, quase sozinhos ou com o apoio de Ashley Williams e Ben Davies na defesa, Joe Allen e Andy King a meio-campo, conseguiram apurar-se para o Euro francês. E podem ser uma das surpresas da prova. Se Ramsey marcar, a surpresa vai ser não morrer nenhuma celebridade mundial – ele é “especialista” nisso, pobre rapaz.

https://www.youtube.com/watch?v=UoDtMF8li_Q

Os desempenhos no Euro-2016

A Bélgica calhou no Grupo E, juntamente com Itália, República da Irlanda e Suécia. Começou a perder com os italianos (0-2), magistralmente orientados por Antonio Conte, mas corrigiram a seguir com os irlandeses (3-0). No derradeiro jogo, que ditaria o adeus de Zlatan Ibrahimovic à seleção sueca, Nainggolan marcou o único golo do jogo: 1-0.

Nos oitavos-de-final houve muito futebol destes rapazes, de quem se diz ser a Geração de Ouro do seu país. Quatro golos sem resposta, embora tivesse havido alguma tremideira durante muuitos minutos enquanto estava 1-0, ditaram a passagem aos “quartos”. Marcaram Alderweireld, Batshuayi, Hazard e Carrasco. O craque, já se sabe, é Hazard e neste jogo até saiu para os aplausos. Está cheio de moral.

Já o País de Gales surpreendeu meio mundo e venceu o Grupo B, que tinha a poderosa Inglaterra, a Eslováquia e a Rússia. Bale e companhia começaram bem, com uma vitória contra os eslovacos, que tinham em Hamsik o farol (2-1). Depois, com um golo de Sturridge aos 92′, os ingleses venceram os galeses, num duelo interessante do Reino Unido. A seguir, Ramsey, Taylor e Gareth Bale desenharam a vitória contra os russos, uma das grandes desilusões deste Europeu.

Quis o destino que entre conversas sobre o Brexit, o Campeonato da Europa colocasse mais uma vez os olhos num duelo entre membros do Reino Unido. Foi em Lyon, perante mais de 55 mil adeptos, que a Irlanda do Norte de Will Grigg (okay, ele não jogou, com pena do mundo inteiro) caiu aos pés dos vizinhos galeses. O vilão foi McAuley, que marcou na própria e carimbou o passaporte para o regresso a casa.

As duas seleções chegaram assim aos quartos-de-final e lutam agora para defrontar Portugal, o rei dos empates. Os portugueses bateram a Polónia nos penáltis (5-3). Foi Kuba quem falhou para os homens que jogaram de branco.