O Gil Vicente pediu esta sexta-feira a demissão da direção da Liga Portuguesa de Futebol (LPFP), afirmando que esta terá que explicar “a real motivação para as atitudes que tomou”, nomeadamente a não-reintegração do clube na I Liga.

“Impõe-se a demissão desta Direção, a qual terá ainda de explicar, se necessário perante os tribunais, a real motivação para as atitudes que tomou, em particular o seu presidente [Pedro Proença], que foi o agente ativo na reunião para a remoção das propostas que se deveriam levar à Assembleia Geral de modo a aí ser votado o modelo a aplicar às competições para que o GVFC fosse promovido à I Liga”, diz o clube gilista numa carta aberta aos membros da direção da LPFP.

Em causa está o ‘caso Mateus’ e a posição assumida pela Liga a 7 de junho, ocasião em que referiu que iria acatar a decisão do tribunal, recomendada pela FPF, e que levaria o assunto à Assembleia-Geral, que a 15 de junho deliberou, no entanto, adiá-lo.

Antes da reunião magna, a LPFP dizia ser “inevitável” a reintegração do clube de Barcelos, já depois de a Federação Portuguesa de Futebol ter decidido não recorrer” da sentença do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, proferida a 25 de maio.

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A AG da Liga entenderia tirar o ponto da ordem de trabalhos, poucos dias depois de o Belenenses ter comunicado que iria recorrer da decisão judicial no ‘caso Mateus’, e com o organismo a defender que o assunto teria de ser adiado.

O presidente da AG, Mário Costa, que falou após o termo dos trabalhos, deu a entender que o tema só voltará à esfera decisiva dos clubes “depois transitar em julgado a sentença do Tribunal Administrativo de Lisboa”.

O Gil Vicente anunciou então que iria solicitar uma providência cautelar contra a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) por esta ter adiado a integração do clube no campeonato principal, conforme determinação judicial.

Esta sexta-feira, os gilistas voltam ao assunto, pedindo não só a demissão da direção da Liga, mas dando a entender que intentará pedidos indemnizatórios, que se acumularão, aos responsáveis, em particular a Liga e também ao Belenenses.

“Esperava o GVFC que a LPFP, através dos seus órgãos, adotasse semelhante posição [à da Federação], pois que também essa é responsável por indemnizar o GVFC, seja no âmbito do processo contencioso nos tribunais administrativos, seja em processo autónomo, parecendo a todos os título de bom senso que tomasse as medidas necessárias — e no mais curto espaço de tempo — para reparar a situação desportiva do GVFC (isto é, devolvendo-o à Iª Liga) e parasse o decurso do tempo desde a infração, de modo a reduzir os volumes da indemnização pelos quais é responsável (a par da FPF)”, refere a nota do clube.

O Gil Vicente historia também o processo, em relação à primeira posição da Liga e à decisão posterior na AG, dizendo que esta se tratou de um “expediente para impossibilitar o GVFC de aceder à Liga na época 2016/17”, sob o pretexto do trânsito em julgado face ao recurso do Belenenses.

Os gilistas dizem ainda que a Liga terá de indemnizar o clube por ter “cometido uma ilegalidade das mais graves” contra um seu consócio, e por não ter sabido repará-la em tempo e modo próprio, acusando-a de “servir interesses”.

A ata da reunião de direção da Liga é também trazida a público, com o Gil Vicente a referir que os membros presentes discutiram se o clube teria direito a receber cópias e que tal só é discutível por alguém que não tem “a mínima conceção das suas obrigações legais e consciência dos princípios democráticos essenciais”.

Nessa mesma reunião da Liga terá ficado decido não levar os modelos competitivos à AG e estranha que o organismo tenha ouvido a opinião do advogado (Gustavo Roseira) que “viu as posições que sustentou em tribunal serem totalmente invalidadas e consideradas como ilegalidades graves”.

Em relação ao Belenenses, os gilistas dizem que não encontram qualquer interesse nesse recurso e que, por essa razão, os ‘azuis’ do Restelo correm o risco de o ver recusado e ser “penalizado por uso indevido de meios judiciais”, “entrando para o lote de entidades responsáveis perante o GVFC”.