Se “Miura” é, para si, uma palavra que associa de imediato a sonho e a velocidade, no seu imaginário deve ter ainda bem presentes as imagens do genérico do filme “The Italian Job” (1969), onde o Miura roda embalado ao som de “On Days Like These”. Na altura, ainda não havia alta definição:

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Há meio século, este Lamborghini impunha-se como o carro de produção mais rápido do mundo, alcançando 280 km/h e acelerando dos 0 aos 100 km/h em 6,7 segundos. Uma proeza, à época, que deixou Enzo Ferrari à beira de um ataque de nervos. E felizes e contentes celebridades como Frank Sinatra, Rod Stewart ou Miles Davis. Todos tiveram um Miura.

A “culpa” foi dos miúdos: Gian Paolo Dallara e Paulo Stanzani tinham ambos 29 anos e um entusiasmo compatível com a idade. Viriam a tornar-se dois nomes incontornáveis do mundo automóvel do século XX quando deram asas à imaginação e fizeram aquilo que ainda ninguém tinha feito – um carro de competição para ser usado no dia-a-dia. Aquilo a que chamamos um superdesportivo. Ao serviço de Ferruccio Lamborghini, os dois jovens engenheiros queriam tanto surpreender o chefe com um projecto totalmente novo que não foram de modas e conceberam aquela que viria a ser a grande moda entre os construtores automóveis mais reputados: um modelo que redefiniu o conceito de carro desportivo, graças à sua configuração de motor central e de performance sem filtros. O Miura. O mítico Miura.

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O primeiro Miura foi uma das estrelas do Salão de Genebra, numa edição que acompanhava o “boom” automobilístico na Europa. O número de expositores era maior do que nunca, num total de 1178 vindos de 22 países

O primeiro Miura foi uma das estrelas do Salão de Genebra, numa edição em que o número de expositores era maior do que nunca: 1178, vindos de 22 países

A “bomba” foi detonada no Salão de Genebra, em Março de 1966, onde o Miura se afirmou como a estrela maior de um firmamento em que também brilhavam o Aston Martin DB5 de James Bond em “Goldfinger” ou o Alfa Romeo 1600 Spider. Rivais de peso, é certo, mas que não conseguiram conter “os estragos” causados por este Lambo, cujo nome fica gravado na história por ter sido, à data do seu lançamento, o carro de produção mais rápido do mundo e o primeiro superdesportivo digno desse nome. Animado por um motor V12 atmosférico com quatro litros de capacidade, o mesmo que equipava o Lamborghini 400 GT, o Miura debitou na primeira versão de 1966 uns impressionantes 350 cv, valor que evoluiu progressivamente até aos 385 cv que anunciou em 1974, quando a sua produção foi interrompida. Este coupé alcançava uma velocidade tal que catapultou a Lamborghini para o patamar do sonho e elevou a marca à categoria de mito.

A casa de Sant’Agata Bolognese não podia, por isso, deixar passar em branco os 50 anos do primeiro Lamborghini que teve direito ao seu próprio nome. E fê-lo como se esperava: lançando uma edição limitada a 50 unidades do Aventador, com uma roupagem em harmonia com o Miura “style”. E praticamente todas já têm dono – as que restam estão disponíveis em mercados seleccionados. A Portugal não saiu a sorte grande nesta lotaria, pelo que vamos continuar a ter apenas três Miura originais, dos sete que existiam, sendo que cada exemplar destes, em bom estado de conservação, vale cerca de 1.200.000€.

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Este coupé converteu a Lamborghini em sinónimo de superdesportivo

Mais barata (cerca de 500.000€) é a edição especial de homenagem ao Miura, criada pelo estúdio de personalização Ad Personam. A variante Aventador LP700-4 surge em seis emblemáticas cores, incluindo Rosso Arancio Miura (vermelho-alaranjado), Verde Scandal (verde) e Blu Tahiti (azul) e, tal como o Miura, a parte inferior da carroçaria é pintada num tom contrastante. As jantes de 20 e 21” podem ser douradas ou em prata-fosco.

Por dentro, o Aventador Miura Homage apresenta-se com dois tipos de acabamento em couro, detalhes em fibra de carbono e inscrições alusivas ao Miura, em ouro ou prata.

De resto, a homenagem fica-se pelos valores padrão fixados pelo Aventador e pelo sdeu bloco de 6,5 litros. O V12, com mais de 700 cv e 690 Nm de binário, empurra esta edição especial até a uma velocidade máxima de 350 km/h, 25% mais veloz do que o seu antecessor. E os 0 a 100 km/h ficam para trás ao fim de 2,9 segundos, ou seja, 72% melhor que o Miura original. Se a proporção se mantiver, daqui a 50 anos, o Lambo que assinalará o centenário do Miura será capaz de superar a barreira 0-100 km em 0,8 segundos e atingirá uma velocidade máxima de 438 km/h. Não vai ser fácil manter a curva de evolução.

Revelado no Festival de Velocidade de Goodwood, o Aventador Miura Homage está na estrada para celebrar os 50 anos do avô. Até ao final do ano vai marcar presença nos eventos planeados pela marca italiana para assinalar a data. O tiro de partida das comemorações foi dado no início de Junho, com a Lamborghini a promover um “tour” de 20 proprietários Miura, que percorreram mais de 500 quilómetros nas estradas da Emilia Romagna, Liguria e Toscânia.

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