O comissário europeu Pierre Moscovici e o ministro da Economia francês defenderam este domingo o aprofundamento da zona euro com um orçamento a 19 e estímulos ao investimento, para melhor ultrapassar o choque do ‘Brexit’.

Moscovici e o ministro francês Emmanuel Macron participavam numa conferência económica em Aix-en-Provence, no sul de França, onde, dias depois do referendo que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, aconselhou a UE a “sair do ‘Brexit’ por cima”.

Segundo a agência AFP, todos os intervenientes concordaram com a necessidade de agir com rapidez e determinação e muitos apoiaram o aprofundamento da zona euro.

“O ‘statu quo’ não pode ser uma resposta ao ‘Brexit'”, afirmou o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, apelando para “uma ofensiva europeia”.

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Na perspetiva da cimeira a 27 que a 16 de setembro vai discutir em Bratislava o futuro da UE sem o Reino Unido, Moscovici disse que França e a Alemanha, que como “motor” da UE têm uma “responsabilidade particular”, estão de acordo em dois pontos: uma Europa que “proteja mais” os seus cidadãos e uma Europa economicamente “mais eficaz”, que crie mais emprego e mais crescimento.

O comissário defendeu, também, que a zona euro deve ser aprofundada através de uma “política económica comum”. “Não podemos contornar um orçamento da zona euro”, disse, defendendo a criação do cargo de ministro das Finanças da zona.

O ministro da Economia francês, Emmanuel Macron, disse partilhar da opinião. “Ficámos um pouco paralisados com a ideia de que havia geografias proibidas e passámos meses e meses sem ousar reunir-nos em formato zona euro por pensarmos que isso ia contrariar os polacos e os britânicos”, disse.

“Nos últimos meses agradeceram-nos esse pudor”, disse, numa referência ao referendo britânico. Segundo o ministro, “há uma Europa que é preciso manter – a do mercado único, que é fruto do alargamento”, e “um clube a 19”, a zona euro, que “exige um trabalho de aprofundamento”.

E nesse espaço a 19, o investimento é decisivo para estimular o crescimento. “A política de investimento, em termos de relançamento, é um dos elementos de que vamos ter de falar na zona euro”, considerou também o ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Didier Reynders.

“O debate importante sobre as decisões a tomar rapidamente é ver como podemos ter, em paralelo com a política monetária […], uma verdadeira política orçamental, não apenas quanto aos défices e às dívidas, mas uma política de investimento na Europa”, explicou.

Para Moscovici, o plano Juncker é nesta ótica “uma ponta de lança”, embora, “sem dúvida, insuficiente, na amplitude e no tempo”. O plano Juncker visa relançar o crescimento e o emprego na Europa através de um fundo de investimento estratégico, o FEIS, dotado de 315 mil milhões de euros para três anos (2015-2018).

Esse fundo é financiado pelo orçamento europeu e pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) em 21 mil milhões de euros, para atrair investidores privados que pretendam financiar projetos em setores como a energia, infraestruturas ou investigação.