O presidente da União de Exportadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (UE-CPLP) considera que a CPLP poderá ser uma das grandes potências mundiais em duas ou três décadas se houver uma cultura de comunidade.

“Temos de criar uma cultura de comunidade, porque se os angolanos, portugueses e moçambicanos e os outros viverem numa comunidade que lhes dá algo mais, mais nível de vida, emprego e mais riqueza, então seremos uma potência mundial daqui a duas ou três décadas”, disse à Lusa Mário Costa.

Falando à Lusa nas vésperas do terceiro Fórum dos Exportadores da CPLP, que decorre na quinta e sexta-feira em Beja, Mário Costa disse que um dos problemas que a CPLP enfrenta na realização de negócios é a desconfiança que ainda existe por causa “da relação conturbada entre os países nos tempos do colonialismo, que ainda é um estigma entre os mais velhos”.

É por isso, continua, que os jovens assumem um papel importante nesta estratégia, e é também por isso que na quinta e sexta-feira, em Beja, estarão 250 jovens de vários países lusófonos: “Daqui a duas décadas, quando forem empresários, políticos, líderes de opinião, quando estes jovens estiverem no poder político ou económico, podemos ter uma comunidade, uma verdadeira comunidade que faça uso da coisa mais importante que temos no mundo dos negócios, que é a língua comum”, diz Mário Costa.

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Para isso, acrescenta, seria útil a criação de “corredores diplomáticos, com as divisas a fluir com maior rapidez, com mais intercâmbio de mercadorias através de corredores livres para os negócios, e uma diferença de tratamento relativamente aos vistos, porque um empresário não pode ser tratado da mesma maneira que um turista”.

Segundo Mário Costa, “todos os governantes dos países lusófonos estão muito interessados em que haja legislação que favoreça os negócios neste espaço, e até aceitam que a UE-CPLP leve parceiros para criar legislação, porque uma das grandes deficiências é a certificação dos produtos agrícolas, e por isso não conseguem escoar a sua produção para o exterior”.

A UE-CPLP tem um projeto de criação de institutos e laboratórios de certificação “e os governantes estão totalmente disponíveis para criar legislação em dois ou três meses para ser rapidamente aprovada porque têm muita necessidade” de potenciar a produção para exportação, acrescenta o gestor.

Na sexta-feira e no sábado, em Beja, são esperados mais de 350 expositores, o que representa um aumento face aos 169 que estiveram em Braga e aos 80 e tal em Lisboa, nas duas edições anteriores do Fórum, segundo Mário Costa, que diz que “as pessoas dizem-nos que faz sentido o Fórum porque os negócios estão a acontecer, e fazer negócios é uma maratona, não um ‘sprint’, por isso têm de se conhecer e criar confiança”.