Etnomusicólogos, especialistas e responsáveis de arquivos de vários países de expressão portuguesa vão debater a criação de um arquivo sonoro lusófono, num congresso dedicado à música lusófona em discos de 78 rotações, que decorre esta semana em Aveiro.

O encontro, que se inicia quinta-feira na Universidade de Aveiro e decorre até sábado, vai debater as mais importantes coleções discográficas de 78 rpm recenseadas em Portugal, Brasil, Moçambique e Cabo Verde e perspetiva-se que venha a ser o “embrião” de um arquivo sonoro lusófono.

A constituição de um grande portal da discografia 78 rpm no mundo lusófono, a partir de um mecanismo agregador associado ao projeto Memórias de África e do Oriente (memoria-africa.ua.pt/), e a publicação de um livro sobre Música e Lusofonia em Acervos de 78 rpm, são dois dos temas de trabalho dos congressistas.

Entre outros responsáveis e investigadores de países lusófonos, estarão presentes Paulo Costa, diretor do Museu Nacional de Etnologia, e Eduardo Leite, responsável pelo arquivo sonoro da RTP.

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Apesar do incremento nos últimos anos da pesquisa e digitalização de coleções sonoras em países lusófonos, em parte devido ao impacto de novas tecnologias de digitalização, é ainda escassa a prática partilhada de investigação sobre esses acervos, que espelham práticas musicais historicamente formadas no triângulo do Atlântico Sul onde se inclui Portugal, Brasil e os países africanos de expressão portuguesa.

A realização do congresso “Música e Lusofonia em Acervos de 78 rpm” resulta de uma parceria entre a Universidade de Aveiro (UA), a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e o Instituto Moreira Salles.

Após a mesa inaugural do congresso, presidida pelo vice-reitor da UA, José Fernando Mendes, a sessão de abertura caberá ao embaixador Eugénio Anacoreta Correia, presidente do Observatório da Língua Portuguesa.

A Universidade de Aveiro, anfitriã do congresso, dispõe de uma coleção de 7000 fonogramas registados em discos de goma-laca, vulgarmente designados por 78 rpm, gravados entre 1900 e 1049 (arquivo José Moças).

Desde 1997 tem vindo a desenvolver uma política de acolhimento de arquivos de música, em articulação com a investigação do Instituto de Etnomusicologia — Centro de Estudos em Música e Dança (INET–MD), sendo ainda, uma das entidades gestoras, desde 1997, do site Memórias d’África e d’Oriente que desenvolveu para a Fundação Portugal-África.