Joana Baptista, Bernardo Véstia, João Bernardo e Natacha Parreira, fundadores da Inviita, sabiam que, para ter sucesso, não bastava ter uma ideia. Teria de ser inovadora e responder a uma necessidade do mercado. Por isso, quando pensaram em lançar um guia de cidade personalizado, apostaram num fator diferenciador em relação às múltiplas aplicações que atuam no mesmo setor. E nasceu assim a aplicação que sugere ao utilizador o que visitar com base no seu estado de espírito.

“Queríamos que a aplicação desse o passo à frente e fizesse esta curadoria, retirando a necessidade de perdermos imenso tempo em pesquisa”, afirma Joana Baptista, CEO da Inviita. “Os ‘moodies’ surgiram porque as emoções têm impacto na maioria das nossas decisões”, justifica.

Como? Simples. Imagine que está de férias em Madrid, numa viagem de negócios a Londres ou mesmo na sua área de residência. Pode apetecer-lhe passar uma tarde romântica, saborear uma noite gastronómica ou render-se às atrações artísticas. Na aplicação Inviita, o utilizador define o seu estado de espírito – através de moodies, como “Foodie”, “Artsy”, “Green”, entre outros estados de espírito – e recebe sugestões de locais para visitar e atividades que podem ser reservadas através da própria aplicação.

Um roteiro turístico que se adapta ao que o utilizador sente naquele momento acabou por ser a proposta de valor desta startup que já conquistou literalmente o mundo: “a aplicação pode ser utilizada em qualquer cidade. Neste momento, temos mais de 65 milhões de interesses e cerca de 30 mil atividades”, sublinha Joana Baptista. Este mapeamento de 1500 cidades é fruto da parceria com a FourSquare nos conteúdos, enquanto as sugestões de hotéis estão a cargo do Viator.

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O envolvimento dos utilizadores com a Inviita – tornando-o parte integrante de uma experiência personalizada – vai mais longe: a aplicação permite-lhes seguir os roteiros de amigos, de celebridades ou as listas mais populares e, claro, partilhar os seus próprios roteiros. Museus, restaurantes, espaços verdes, locais espirituais ou refúgios românticos estão, assim, à distância de um toque e, claro, do seu estado de espírito, numa experiência verdadeirame
nte sociável e que não se encontra nos vulgares guias turísticos.

Este é o mood de uma start inviita up de sucesso

Captar a atenção de investidores e somar prémios são bons passos na escalada de uma startup. O primeiro foi dado no início de 2015, quando os quatro fundadores decidiram despedir-se da consultora onde trabalhavam e se tinham conhecido, depois de terem tido um reconhecimento do seu percurso: o primeiro lugar no concurso de empreendedorismo Vodadone BigApps em 2014, que lhes deu um espaço de incubação e um prémio monetário de 10 mil euros.

Seguiu-se uma participação na Travel Innovation Summit, na Irlanda, uma oportunidade para apresentar o produto à indústria, testá-lo no mercado e recolher feedback.

A ideia captou a atenção do business angel Paulo Neto Leite, que investiu 100 mil euros na startup, que acabaria por ser fundada em junho. Uns meses depois, foi lançado o MVP (Minimum Viable Product) para o sistema IOS.

Em 2016, o mood desta startup não podia ser melhor: a integração no Programa Ativar Portugal Startups 2016,
promovido pela Microsoft, deu-lhe acesso a benefícios exclusivos no âmbito da incubação, à comunidade de investidores, à tecnologia Microsoft e a mentoria. “Esta participação no programa tem sido muito positiva, porque surgiram parcerias muito interessantes e nos deu a possibilidade de entrar em contacto com outras empresas”, salienta a CEO da Inviita.

A Inviita é também suportada pelo programa BizSpark Plus da Microsoft, que lhe garante acesso gratuito a software, ferramentas e serviços cloud da tecnológica, nomeadamente o Microsoft Azure, que usa desde o início’.

A própria Apple rendeu-se à inovação da aplicação: foi distinguida como Best New App em outubro de 2015, poucos dias depois de ter sido lançada, e uma das melhores apps para planear um City Break, em abril de 2016. Hoje, soma 25 mil utilizadores de mais de 130 países e 2500 cidades, a maioria dos quais resultado da melhor estratégia viral: o passa-palavra.

O sucesso de uma startup depende naturalmente do retorno financeiro. Sendo uma aplicação gratuita, o modelo de negócio assenta nas receitas que são geradas através das atividades e dos hotéis reservados na própria aplicação, pelas quais a Inviita recebe uma comissão. O utilizador paga o mesmo quer reservasse, por exemplo, no Viator, um dos parceiros, quer na Inviita, mas esta recebe uma percentagem pelo valor cobrado ao utilizador se o tiver feito a partir da aplicação.

Para as startups que quiserem aventurar-se na área do turismo, Joana Baptista lança duas pistas: “É muito competitiva e existem muitas soluções e aplicações concorrentes. É importante estar atento à concorrência a tentar inovar”, salienta. “Depois, o meu conselho é sempre o mesmo… Testar a ideia, validar, iterar, testar novamente, até perceberem que têm um produto ou serviço que poderá ter sucesso.”

Se vai de férias para qualquer cidade do mundo ou simplesmente quer fazê-las perto de casa, já sabe que há uma aplicação que planeia os seus dias em função do seu estado de humor. Por sua vez, o mood da Inviita parece manter-se igual nos próximos tempos: ambicioso e com os olhos postos em novos destinos.