A Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa admite que cerca de 300 trabalhadores estão em risco de perder o emprego, devido à quebra de produção naquela fábrica, que se deverá prolongar até meados de 2017.

Contudo, fonte oficial da fábrica assegura que “a passagem a um turno de produção a partir de setembro deste ano não afetará o emprego dos colaboradores da Volkswagen Autoeuropa”. A empresa explica em comunicado que o modelo de trabalho prevê a redução do volume diário e a respetiva produção num único turno, sem dias de paragem coletiva adicionais.

“A situação atual é uma transição para o crescimento que se registará a partir do segundo semestre de 2017, altura em que arranca a produção do novo modelo”, lê-se

A empresa adiantou ainda que vão ser colocadas aproximadamente 250 pessoas na fábrica de Osnabrück (Alemanha), onde estarão até final de maio de 2017, através de um programa de destacamentos que foi criado em 2013 e que tem como propósito fazer face às oscilações do volume de produção.

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Daniel Bernardino, da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores, disse à Lusa que, de acordo com o levantamento efetuado pelas Organizações Representativas dos Trabalhadores (ORT), as empresas do Parque Industrial poderão vir a despedir, pelo menos, 300 trabalhadores”, disse

“É uma estimativa confirmada junto das administrações das empresas”, frisou o representante dos trabalhadores, na sequência de uma reunião da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores realizada na segunda-feira.

Segundo Daniel Bernardino, há empresas, como a Faurécia, que deverão despedir apenas 20 trabalhadores, quando a expectativa dos próprios trabalhadores apontavam para cerca de 40, mas também há casos em que o número de trabalhadores despedidos deverá ultrapassar largamente as estimativas das Comissões de Trabalhadores, como acontece na Vampro, em que a própria empresa terá admitido que pretende prescindir de cerca de 60 funcionários.

“Teria sido bom que as administrações das empresas do parque industrial se tivessem disponibilizado para reunir com a Coordenadora das Comissões de Trabalhadores, para ouvirem a nossa opinião e conhecer melhor as nossas propostas, mas limitaram-se a dialogar com as Comissões de Trabalhadores de cada uma dessas empresas, o que é perfeitamente legítimo”, disse o sindicalista.

Daniel Bernardino lembrou que a Coordenadora das Comissões de Trabalhadores já solicitou reuniões urgentes com os ministros da Economia e do Trabalho, com o objetivo de encontrar soluções, designadamente na área da formação, que será necessária quando a Autoeuropa começar a produzir um novo modelo, no segundo semestre de 2017.

“Acreditamos que, a exemplo do que fez a própria Autoeuropa, é possível evitar os despedimentos através de um plano de formação, tal como se fez em 2009 com o Programa de Apoio ao Setor Automóvel (PASA), plano esse que viria a ser aplicado a nível nacional”, sublinhou.

A fábrica de automóveis da Autoeuropa, em Palmela, vai reduzir o período laboral de dois para apenas um turno a partir de setembro, mas a empresa conseguiu encontrar soluções, incluindo planos de formação, que permitem evitar despedimentos até ao início de produção do novo modelo atribuído à fábrica de Palmela.

Uma realidade distinta do que poderá vir a acontecer nas outras 13 empresas do parque industrial, com cerca de 1.600 trabalhadores, que, de acordo com as estimativas anunciadas pela Coordenadora das Comissões de Trabalhadores, admitem eliminar, pelo menos temporariamente, cerca de 300 postos de trabalho.