Para manter a sua posição num mercado altamente competitivo, a que não param de chegar novos competidores – além da Amarok da Volkswagen, a Renault acaba de revelar a Alaskan e a Mercedes anunciou para “antes de 2020” o lançamento da sua primeira pick-up –, a Hilux conhece agora uma geração totalmente nova, a oitava da sua longa carreira.

Já disponível no mercado português, tem como um dos principais objectivos satisfazer as novas exigências de um mercado em que cresce a apetência por pick-ups versáteis. Isto é, com capacidades para evoluir fora de estrada que permitam aos seus utilizadores chegar praticamente a qualquer local. Mas com níveis de refinamento, conforto e desempenho dinâmico equivalentes aos de um SUV, que garantam também uma utilização fácil, agradável e económica no dia-a-dia.

Como não podia deixar de ser, a Hilux é de novo proposta em versões de trabalho e de lazer. No primeiro caso, a oferta é composta pelas variantes de cabina simples (dois lugares), cabina extra (três ou quatro lugares) e cabina dupla (cinco lugares). Todas estão disponíveis nas derivações chassi-cabina (apenas com tracção traseira) ou com caixa metálica (4×2 ou 4×4), e oferecem uma capacidade de carga de uma tonelada (mais 200 kg do que na geração anterior) e de reboque de 3.500 kg.

Para o lazer é com caixa

As propostas destinadas ao lazer só existem com caixa metálica, agora com 1.645 mm de largura, contra os anteriores 1.544 mm. Aqui, a capacidade de reboque é de 3.200 kg, dando a versão de cabina extra pelo nome de Trial (só disponível com sistema 4×4), e voltando a versão de cabina dupla a adoptar a emblemática designação Tracker (tracção traseira ou integral). Neste caso, a cabina simples não faz parte do leque de oferta.

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Seja em que versão for, o que nova Hilux exibe é uma aparência exterior que visa combinar a tal sofisticação hoje desejada pelos clientes que privilegiam a componente do lazer, com a robustez de um automóvel que é obrigado a possuir inequívocas capacidades de trabalho, além de uma inquestionável competência no fora de estrada. E a secção que melhor transmite todas estas noções é a frente, com os seus novos faróis com luzes diurnas por LED integradas, unidos por uma grelha de novo desenho. Atrás, o principal elemento em destaque são os novos farolins.

O habitáculo segue a mesma filosofia, acabando por aproximar-se do que seria suposto encontrar numa berlina comum, ou num SUV. Isso mesmo – ou não pretendessem as mais modernas pick-ups constituir-se como alternativa aos modelos que maior acréscimo de popularidade e de procura registam a nível global.

O design interior é tipicamente Toyota: sóbrio e funcional. A montagem e os acabamentos indiciam rigor construtivo, o que é essencial para a longevidade do bom ambiente que se vive a bordo. A Toyota afirma que a protecção interior é três vezes superior à da anterior geração, e que a Hilux passa a ser a referência da sua classe no famoso NVH (ruído, vibrações e aspereza).

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Para um ambiente mais acolhedor contribuem ainda os novos bancos, mais amplos e ergonómicos, o ecrã TFT a cores existente no painel instrumentos, o volante multifunções com regulação em altura e profundidade, ou os sete airbags incluídos no equipamento de série. Já no caso da versão Tracker 4×4, aquela com que pudemos conviver neste primeiro contacto com a nova Hilux, a proximidade com um automóvel “normal” é ditada também pela integração de soluções como o sistema de infoentretenimento Touch 2 com ecrã táctil de 7” (inclui Bluetooth, tomadas USB e Aux-in, rádio, leitor de CD/mp3, navegação e câmara de estacionamento traseira, integrada no puxador da tampa da caixa de carga), ou pela generosa habitabilidade, que permite que até quem se senta atrás viaje com apreciável liberdade de movimentos.

Mecânica robusta

Neste particular, a nova Toyota decidiu não facilitar, com a nova Hilux a contar com um chassi de longarinas com mais 44% de pontos de soldadura, uma rigidez torsional aumentada em 20% e uma garantia anticorrosão de 20 anos. As suspensões, por duplos triângulos na frente e por eixo rígido com molas de lâminas atrás (este reforçado face à anterior geração), viram o seu curso aumentado 20%, para 520 mm – mais um indicador do potencial do modelo nos terrenos mais inóspitos.

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Já o quatro cilindros em linha turbodiesel de 2393 cc recebeu tantos componentes novos que quase pode ser considerado um novo motor: bloco, turbocompressor, válvulas, cabeças dos pistões, câmara de combustão, injectores, sistema de escape e gestão electrónica. A potência de 150 cv poderá não impressionar, mas o binário de 400 Nm, constante entre as 1.600 rpm e as 2.000 rpm, garante não só a progressão no fora de estrada nas situações mais complicadas, como permite que a caixa manual de seis velocidades tenha relações longas, para reduzir os consumos e cumprir já com a norma Euro 6. Prova disso mesmo, o consumo médio anunciado de 7,1 l/100 km, existindo até os modos de funcionamento Economy, Normal e Power, que alteram a resposta ao acelerador, em função das exigências do momento.

Para lidar com as superfícies mais escorregadias, e enfrentar os mais difíceis obstáculos, o sistema de tracção integral é do tipo inserível à frente, o que pode ser feito em andamento, até aos 80 km/h. No mesmo comando rotativo, o condutor pode operar ainda as “redutoras”, sendo que o bloqueio total do diferencial traseiro é accionado num botão junto ao comando.

Com todo este arsenal em funcionamento, e a pressão certa nos pneus, no todo-o-terreno, a Hilux Tracker 4×4 estará, na maior parte das vezes, mais limitada pela coragem do condutor do que propriamente pelas suas próprias capacidades. Graças à colaboração do Corpo de Fuzileiros da Marinha Portuguesa, e à anuência da direcção do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz, comprovámos isso mesmo nos terrenos, por norma vedados ao público, adjacentes ao conhecido presídio.

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À prova de bala

Por montes e vales, sobre os pisos de areia fina típicos dos pinhais, ou em corta-fogos rasgados por valas de assinalável profundidade, não houve obstáculo que o modelo não superasse. Até porque os ângulos característicos melhoraram (ataque de 31º, saída de 26º), são maiores os cruzamentos de eixos que a suspensão agora permite, e até a caixa de velocidades conta com uma primeira mais curta, para ajudar na progressão.

Mas não se pense que a nova Hilux é um modelo exclusivamente fadado para o “TT”. Bem pelo contrário. Em asfalto, o conforto de marcha é de bom nível, reforçado por uma sonoridade do motor que raramente chega a incomodar quem segue a bordo. Ao mesmo tempo, o comportamento pauta-se por reacções sempre honestas e previsíveis, o que só contribui para aumentar o agrado de condução, mesmo em curva, nos traçados mais sinuosos.

Por tudo isto, a Toyota pede 25.000€ no caso da versão de trabalho com cabina simples e tracção apenas traseira – as Hilux 4×2 só estarão à venda a partir de Dezembro. As versões de lazer estão disponíveis por 39.000€ no caso da Trial de quatro lugares (31.500€ com três lugares), orçando a mais refinada Tracker em 39.750€. Para os que pretendam usufruir do máximo luxo e conforto, existe ainda a variante Tracker S, com cabina dupla, sistema 4×4, caixa automática de seis velocidades e um equipamento de série ainda mais generoso, em que se destaca a inclusão de dispositivos electrónicos como o sistema de controlo de descidas DAC, o alerta de saída involuntária da faixa rodagem, o sistema de pré-colisão com detector de peões e o sistema de reconhecimento de sinais de trânsito.

18 milhões de clientes

De há tanto tempo convivermos com a Hilux, por vezes é fácil esquecer alguns feitos alcançados por esta pick-up. Chegou ao mercado em 1968, conheceu as suas primeiras versões 4×4 em 1978, e desde 1983 que é proposta também em versões especialmente desenvolvidas a pensar no lazer. Ao longo destes anos, conquistou 18 milhões de clientes em todo o mundo. E, desde 2012, lidera o seu segmento na Europa, posição que também é sua em Portugal desde 2013. Para perceber a importância desta pick-up para a Toyota, bastará referir que é o seu segundo modelo mais vendido a nível mundial, logo a seguir ao inevitável e mítico Corolla.

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