A Presidente brasileira afastada Dilma Rousseff anunciou que irá à sessão do Senado (câmara alta parlamentar) para se defender no processo de destituição (‘impeachment’) que decorre no Congresso.

“Penso em ir ao plenário [do Senado] fazer minha defesa. Eu não fui à comissão [que avalia o processo] justamente porque é uma comissão, não é o conjunto dos senadores, e eu preciso do voto do conjunto dos senadores”, afirmou em entrevista a uma rádio brasileira.

A chefe de Estado afastada voltou a dizer que sofre uma injustiça e que não vai parar de lutar para se defender e voltar a ocupar a Presidência da República.

“Não há razão constitucional explícita para o processo de ‘impeachment’. Isto só pode ocorrer quando há crime de responsabilidade. Está ficando cada vez mais claro que não só não há crime de responsabilidade como as acusações contra mim não se sustentam”, argumentou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Presidente afastada declarou que acredita na reversão do processo e que se voltar ao cargo irá recompor as condições democráticas e unificar o Brasil.

“Acho que nós vamos ter de recompor as condições democráticas do país. Isto significa construir, junto com aqueles que me apoiaram, um processo de refazer a unidade do país. O país está dividido, o país está num processo em que as pessoas se sentem perplexas diante do que acontece, das medidas que este governo provisório e interino toma”.

Criticou o Governo do Presidente interino, Michel Temer, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar) Eduardo Cunha, que são apontados como os principais articuladores da aprovação do processo que pode resultar em sua saída do cargo.

“Eu acho que é muito difícil você procurar uma qualidade num Governo que tem um grande pecado original. O pecado original de ser produto de um processo escuso que o próprio Eduardo Cunha, ao sair e pedir sua renúncia, reconheceu que tinha sido responsável por um grande ato, que era o meu afastamento”, destacou.

Dilma Rousseff defende-se da acusação de que teria cometido crime de responsabilidade por ter supostamente realizado manobras fiscais para melhorar as contas públicas e também por assinar decretos permitindo despesas extras sem a autorização do Congresso.

O processo está a ser analisado por uma comissão de senadores que deve votar um relatório sobre a denúncia no início do mês de agosto. Depois disto, ele seguirá para o plenário do Senado para ser votado novamente.

Caso o relatório aprovado contenha uma conclusão desfavorável à Dilma Rousseff acontecerá um novo julgamento, também no Senado, que definirá o futuro da Presidente brasileira.

Se 54 dos 81 parlamentares da câmara alta considerarem que ela é culpada, a chefe de Estado será destituída e perderá também o direito de ocupar cargos públicos eletivos por oito anos.