“Não estou grávida. O que estou é farta.” É assim que começa o artigo de opinião que a atriz e realizadora Jennifer Aniston assina no jornal The Huffington Post. No texto, disponível desde terça-feira, Aniston começa por passar cartão vermelho ao escrutínio a que as celebridades estão sujeitas, mas a conversa é mais profunda do que isso. É o regresso aos falsos ideais de beleza que a sociedade, em geral, e os tabloides, em particular, ajudam a perpetuar.

Volta e meia, por norma por altura do verão, uma revista faz capa com a atriz de Friends, reclamando um exclusivo mundial ao garantir que a estrela está grávida — vai se lá perceber a obsessão pelo ventre de Anniston. Este ano não foi exceção e agora coube à In Touch seguir a tradição à risca, com uma capa onde se vê a atriz de biquíni e uma seta a apontar para a barriga desta.

Depois de décadas a desmentir rumores semelhantes, Jennifer Aniston finalmente fartou-se e, não tendo redes sociais onde contestar (não as susa), fez uso do jornalismo online. “A objetificação e o escrutínio a que submetemos as mulheres é absurdo e perturbador. A forma como sou retratada pelos media é simplesmente uma reflexão de como vemos e retratamos as mulheres no geral, através de padrões distorcidos de beleza”, lê-se no artigo. Mas a atriz continua, sem papas na língua:

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A mensagem de que as raparigas não são bonitas a não ser que sejam incrivelmente magras, que não são dignas da nossa atenção a não ser que pareçam uma supermodelo ou uma atriz na capa de uma revista é algo em que estamos a ‘comprar’ de boa vontade. (…) Usamos as ‘notícias’ de celebridades para perpetuar esta visão desumanizada das mulheres, focada apenas na aparência física de uma pessoa.”

https://twitter.com/Jeneymaria/status/746579482308313088

O tópico gravidez não passa ao lado da atriz, que reflete ainda que as mulheres são completas com ou sem um parceiro, com ou sem uma criança, no sentido em que cabe a cada uma delas escolher o seu “final feliz”. “Nós temos o poder de decidir o que é bonito no que diz respeito aos nossos corpos. Essa decisão é exclusivamente nossa. (…) Não precisamos de estar casadas ou de ser mães para sermos completas. Temos o poder de determinar o nosso próprio ‘final feliz'”.