O ainda presidente do Novo Banco mandou uma carta aos trabalhadores a agradecer o esforço dos últimos dois anos, destacando as melhorias na liquidez e no resultado operacional, pedindo que continuem a empenhar-se sob a liderança de António Ramalho.

Na carta com data de 12 de julho, mas que chegou aos trabalhadores no dia 13, Eduardo Stock da Cunha faz um balanço dos quase dois anos em que liderou o Novo Banco, desde setembro de 2014, considerando “inquestionável a recuperação encetada desde então em vários domínios”, nomeadamente na “liquidez e, mais recentemente, na rendibilidade operacional”.

“Sabemos que ainda há muito a fazer e os profissionais do Novo Banco terão de manter ‘aquele’ esforço extra que, no final, terá assegurado a sobrevivência e a viabilidade da nossa instituição. Estou confiante que agora, com o Dr. António Ramalho ao ‘leme’ e a melhor equipa de banca em Portugal, o Novo Banco continuará a responder adequadamente aos desafios de liquidez, capital e rendibilidade – bem como às necessidades de desinvestimento em áreas que, a seu tempo, definimos e à participação no processo de venda da posição acionista do Fundo de resolução, liderado pelo Banco de Portugal”, lê-se na carta enviada aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso.

Eduardo Stock da Cunha garante que a liderança do Novo Banco – que assumiu em setembro de 2014, substituindo Vítor Bento, que então tinha renunciado ao cargo por não concordar com a estratégia do Banco de Portugal para a instituição – foi uma “missão” que abraçou com “empenho e determinação” e diz que foi mesmo com “grande orgulho” que o fez.

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O ainda presidente considera que, nestes dois anos, o Novo Banco mostrou ser uma instituição financeira “de referência” e “essencial” em Portugal e agradece o empenho de todos os trabalhadores nesse processo, incluindo aqueles “que, por razões várias, nomeadamente no âmbito do processo de reestruturação, não puderam continuar no banco”.

Com a saída de Eduardo Stock da Cunha, para regressar ao britânico Lloyds Banking Group, o Banco de Portugal anunciou esta semana que o novo presidente do Conselho de Administração do Novo Banco será António Ramalho a partir de 01 de agosto.

Ramalho, atual presidente da Infraestruturas de Portugal (empresa que resultou da fusão da Estradas de Portugal com a Refer), tem 55 anos e uma experiência de cerca de 30 anos no setor bancário.

Começou na banca em 1985 no Grupo Champalimaud, tendo passado por vários bancos do grupo, e mais recentemente esteve na administração do BCP, entre 2010 e 2012, onde foi vice-presidente.

O Novo Banco é o banco de transição que resultou da resolução do Banco Espírito Santo (BES), em agosto de 2014, tendo ficado com os ativos e passivos considerados menos problemáticos.

Ainda assim, o banco tem vindo a acumular prejuízos, que foram 980,6 milhões de euros em 2015, justificando mais de metade do prejuízo ainda com o ‘legado’ do BES.

Quanto ao resultado operacional (antes de impostos, imparidades e provisões), esse foi positivo em 125 milhões de euros em 2015.

Já no primeiro trimestre deste ano, os resultados foram negativos em 249,4 milhões de euros. Ainda assim, o resultado operacional foi de 78,9 milhões de euros.

O Novo Banco está em processo de venda, tendo o BdP recebido até final de junho quatro propostas de compra, não tendo divulgado os nomes dos interessados. A intenção é fechar este processo ainda este verão.

Enquanto decorre este processo, o banco tem em marcha um plano de reestruturação, que acordou com a Comissão Europeia, o qual passa pelo desinvestimento em alguns negócios, alienações de ativos, mas também significativos cortes de custos, nomeadamente com redução de trabalhadores.

O compromisso com Bruxelas passa por reduzir em 1.000 pessoas o número de efetivos até final de 2016. O Novo Banco tinha, no final de 2015, 6.571 funcionários em Portugal e 740 nas atividades internacionais.

No entanto, como parte significativa dos trabalhadores já saiu, nomeadamente através de um programa de reformas antecipadas, e a venda de unidades no estrangeiro implica também a redução de pessoal, e 256 trabalhadores aceitaram a rescisão, neste momento está em curso o despedimento coletivo de 56 trabalhadores do banco e de mais 13 funcionários de empresas do grupo, como a seguradora GNB Vida.