À medida que as horas passam sobre o golpe de Estado falhado na Turquia, as relações entre aquele país e os Estados Unidos da América vão ficando cada vez mais tensas. Em causa estão as declarações que o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan fez este sábado, ao pedir a detenção e a extradição imediata do clérigo Fethullah Gülen, por parte dos EUA. As insinuações de que os norte-americanos possam estar envolvidos no golpe levou a que John Kerry, secretário de Estado do executivo de Obama, deixasse claro que este tipo de acusações são “totalmente falsas” e “danosas” para as relações bilaterais.

Segundo uma nota de imprensa divulgada este sábado, os EUA estão dispostos a ajudar as autoridades turcas que investigam o golpe, embora considerem que “insinuações ou afirmações sobre qualquer papel dos EUA no golpe de Estado fracassado são completamente falsas e danosas” para as relações entre os dois países. Ainda assim, é possível ler no mesmo comunicado que o executivo de Obama reitera o apoio ao governo turco “democraticamente eleito”.

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Recorde-se que Fethullah Gülen é acusado pelas autoridades turcas de estar envolvido na tentativa de golpe no país — o líder religioso, em tempos aliado de Erdogan, vive em exílio na Pensilvânia, nos EUA, desde a década de 1990. Erdogan exigiu este sábado, num discurso dado em frente a uma vasta multidão, a entrega do líder religioso à Turquia, enfatizando que tal seria a prova de que a aliança entre o país e os EUA se mantém “verdadeira”.

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Sobre isso, John Kerry salientou que a Turquia deve reunir provas da culpa de Gülen — que já se declarou inocente –, dando a entender que o presidente turco possa ter aproveitado o rescaldo do golpe para acertar contas com inimigos dentro e fora de fronteiras turcas, escreve o The Guardian. “Convidamos o governo da Turquia, como sempre, a apresentar-nos provas legítimas”, disse ainda o secretário de Estado numa conferência de imprensa.

De referir que o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, já afirmara que qualquer país que esteja “ao lado do imã Fethullah Gülen não será amigo da Turquia e será considerado como estando em guerra com a Turquia”.

O certo é que a resposta ao golpe de Estado de esta sexta-feira tem sido feita com mão pesada, com as autoridades turcas a deterem cerca de 6.000 pessoas. O golpe fez ainda 265 vítimas mortais (entre militares rebeldes, polícias e civis).