São gigantes, com barbas de guerreiro, corpos tonificados e uma expressão serena. Mas, por alguma razão – e maior parte de nós já reparou, mesmo que não queira admitir – quase todas as estátuas gregas clássicas têm pénis pequenos.

Este facto, claro, não passou despercebido aos historiadores – até porque é um elemento comum em boa parte das esculturas feitas na Antiga Grécia e tornou-se alvo de debate, como informa o Quartz. Um grupo de investigadores desenvolveu agora uma teoria sobre o porquê desta fascinação com um micro pénis na Grécia Antiga: possuir um órgão genital pequeno era o look que melhor servia a um “macho alfa”.

7th July 1981: One of the two bronze statues of Greek warriors found in the sea off Riaci, on display for the first time at the presidential palace in Rome. The magnificent six foot figures are believed to be the work of the 5th century BC Greek sculptor Phidias, designer of the Parthenon. (Photo by Keystone Features/Getty Images)

Uma das estátuas que foi encontrada no mar de Riaci. A estátua com mais de 1,80 metros representa um guerreiro grego. A escultura do corpo alto, musculado e com uma barba cerrada é acompanhada de um pénis que muitos considerariam como “pouco impressionante”, nos dias de hoje. (Keystone Features/Getty Images)

Andrew Lear, um professor de estudos clássicos nas faculdades de Harvard, Columbia e na Universidade de Nova Iorque, explicou ao Quartz que “os gregos associavam pénis pequenos e não eretos a moderação”. E essa mesma moderação era uma das virtudes fundamentais no que se considerava ser um ideal masculino. Os homens sérios não eram conduzidos pelo desejo e pela luxúria, mas sim pela moderação e serenidade. Aparentemente, para os gregos, o tamanho não importava mesmo.

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As estátuas gregas focavam-se mais no equilíbrio e idealismo que eram inerentes aos ideais de beleza da época, diz a especialista em História de Arte, Ellen Oredsson.

The original 16th century statue of David by Italian artist Michelangelo Buonarroti stands in the Galleria dell'Accademia in central Florence on January 23, 2015. AFP PHOTO / ALBERTO PIZZOLI (Photo credit should read ALBERTO PIZZOLI/AFP/Getty Images)

A escultura de Miguel Ângelo, comummente conhecida apenas como David, é um exemplo clássico do estudo das proporções – embora tenha sido esculpida no século XVI, recupera o cânone clássico. (ALBERTO PIZZOLI/AFP/Getty Images)

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A estátua de um sátiro, representado com um pénis erecto. (GRANT MITCHELL/WIKIMEDIA)

Ordesson explica no seu site que o homem ideal para os gregos era “racional, intelectual e autoritário e podia ainda fazer muito sexo, mas isso não tinha qualquer relação com o tamanho do seu pénis”.

Lear explica até que nas esculturas é possível notar dois padrões: aos “homens ideias” – deuses, semideuses, heróis, atletas – convinha ter um pénis pequeno, mas os sátiros – criaturas mitológicas que são metade cabra, metade homem (como o Phil, do Hércules) e que são constantemente retratados como bêbedos e luxuriosos – e velhos decrépitos eram representados com pénis eretos de grande proporção.

Até aos deuses, essa relação “ter um pénis pequeno é bom” e “ter um pénis grandes é mau” se aplicava. Na mitologia, Priapus, um deus grego da fertilidade, foi amaldiçoado por Hera com uma ereção permanente, ao mesmo tempo que se tornou impotente, feio e com uma mente conspurcada. Priapus era tão odiado pelos outros deuses que foi mesmo expulso do Monte Olimpo.

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Fresco de Priapus e do seu pénis ereto.

E, embora na Antiga Grécia os volumes mais generosos fossem reservados para aqueles menos respeitáveis, achamos que Cristiano Ronaldo não tem de se preocupar. A “maior exportação da Madeira” não deixa de estar repleta de qualidades de um guerreiro.

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