Se costuma andar minimamente atento a estas coisas da restauração lisboeta o nome Leopold dir-lhe-á, por certo, qualquer coisa. Instalado numa antiga padaria na Mouraria desde os primeiros meses de 2014, este pequeníssimo restaurante não demorou a causar sensação em Lisboa, sobretudo pelo conceito arrojado — a ausência de sistema de extração de fumo obrigava o chef Tiago Feio, auxiliado, na sala, pela mulher Ana Cachaço, a uma cozinha minimalista, orgânica e pragmática, recorrendo, em muitos casos, ao Roner, uma maquineta que permite cozinhar em vácuo. A crítica não foi unânime, mas quase, e em setembro de 2015 o restaurante entrou numa lista publicada no Observador com 10 restaurantes de Lisboa que toda a gente deveria conhecer.

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O Leopold na Mouraria encerrou no final de maio. Em setembro reabrirá no Palácio Belmonte.
(foto: facebook.com/restaurante.leopold)

O Leopold fechou portas no final de maio último, já com ideia de as abrir novamente, daí a uns meses, num espaço maior, inserido no Palácio Belmonte, perto do Castelo de São Jorge. “Se tudo correr bem”, para citar Tiago Feio, isso deverá acontecer em meados de setembro.

Felizmente, e é isso que nos traz por aqui, não vai ser preciso esperar os meses em falta para experimentar ou recordar a cozinha deste chef portuense: de 22 de julho a 31 de agosto, Tiago e Ana vão instalar o seu projeto, em versão pop up / residência gastronómica, nos apartamentos Baixa House, na Rua dos Fanqueiros.

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Conta Tiago Feio que o convite partiu da atual proprietária desses mesmos apartamentos, Maria Ulécia, que também deixará de o ser em breve. É como se fosse uma despedida, por um lado, e uma experiência, por outro, já que a ideia desta é, a partir de janeiro, passar a convidar um restaurante por mês para preparar o jantar dos hóspedes do seu outro projeto, micasenlisboa.

A Maria Ulécia sabia que estávamos numa fase de transição, antes da abertura no Palácio Belmonte, e como gostava muito do Leopold fez-nos este convite”, explica Tiago.

Assim, durante cerca de mês e meio, Tiago e Ana vão servir 8 a 10 pessoas por jantar, num menu fechado de seis pratos, com vinhos incluídos, por 60€. A ideia é ter a cozinha aberta, e começar a receber os convidados a partir das 19h30 com uma bebida, de preferência na varanda. Escreve-se de preferência porque os jantares não vão acontecer todos no mesmo apartamento nem eles são todos iguais — serão, ao todo, quatro as unidades que irão receber Tiago, Ana e respetivos clientes.

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Neste Leopold em versão pop up vão juntar-se, num apartamento como este, 8 a 10 pessoas à mesa. (foto: © Divulgação)

Mas se as tipologias diferem, as cozinhas são todas semelhantes. Tiago descreve-as como “típicas de apartamento, com frigorífico e placa de indução com quatro bicos”. Ou seja, o chef irá manter-se fiel aos princípios do Leopold. Não faltará, por isso, o Roner, ferramenta essencial do seu trabalho. Nem podia ser de outra forma: a sua ideia é que este projeto funcione como uma espécie de laboratório para o que será o Leopold Belmonte. E tanto assim é que o escanção que irá apoiar a dupla no serviço de vinhos nesta ocasião também irá transitar para o novo restaurante.

Sendo este um laboratório, a ideia é que haja interação com as cobaias — que o serão apenas no melhor sentido da palavra. “Claro que vamos ser rigorosos, mas tem mais piada que seja assim, com os clientes a participar”, diz Tiago. E, refira-se, num dos apartamentos isso será praticamente inevitável, já que a mesa de jantar fica no interior da cozinha.

Quem, por esta altura, estiver a pensar aproveitar a ocasião para marcar um jantar de grupo deve saber que acima de seis pessoas será necessário pagar a reserva total da mesa. “É para evitar que haja, na mesma mesa, um grupo grande de seis em que toda a gente se conheça e um casal que fique intimidado”, explica o chef.

Não menos importante é, também, o facto de dois dos jantares (a 28 e 29 de julho) serem em parceria com Hugo Brito, chef do Boi-Cavalo, um restaurante com uma filosofia semelhante à do Leopold (fica num antigo talho em Alfama), ainda que, neste caso, com direito a fogão. Será caso único ao longo desta residência porque, como explica Tiago, Maria Ulécia “pediu especificamente o Leopold”.

Ainda assim, o chef deixa a intenção de, no futuro, fazer novos jantares em parceria, fora do ambiente de restaurante. “Deve ser da minha formação como arquiteto, mas gosto da possibilidade de poder intervir nessa cidade. Por isso sim, queremos convidar outros chefs para fazer jantares com temas inteligentes, com propósitos e objetivos em locais que não sejam restaurantes. Muito mais do que o simples ‘jantar a quatro mãos’, que eu até nem gosto nada dessa expressão.”

O quê? Leopold em versão pop up
Onde? Baixa House, Rua dos Fanqueiros, 81 (Baixa), Lisboa
Quando? De 22 de julho a 31 de agosto, a partir das 19h30
Quanto? 60€ por pessoa, vinho e welcome drink incluídos
Reservas? geral.leopold@gmail.com / 21 886 1697
Mais informações? facebook.com/restaurante.leopold