Nesta fase do ano, milhares de portugueses deslocam-se pelo país fora, a caminho ou de regresso de férias. De acordo com um estudo de mercado desenvolvido pelo operador turístico Odisseias, 44% dos portugueses marca as suas férias para o mês de Agosto, 24% para Julho e os restantes dividem-se por Junho e Setembro. E um outro inquérito, elaborado pela plataforma “online” de arrendamento de alojamentos para férias HomeAway, concluiu que 91% dos portugueses passa férias cá dentro.

Neste quadro, o carro é decididamente uma figura central. Convém que não avarie, para não estragar o tão desejado período de descanso. Porém, Portugal tem um dos parques mais envelhecidos da Europa. Segundo a Associação Europeia de Construtores de Automóveis, dos cerca de 5 milhões de veículos ligeiros de passageiros que existem no nosso país, perto de 3 milhões tem mais de 10 anos. O secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal, Hélder Pedro, fala mesmo numa idade média do parque de ligeiros de passageiros à volta de 12 anos. Esta idade pesa, não só em termos de emissões poluentes – automóveis mais velhos são menos “amigos” do ambiente –, mas também em termos de segurança. Daí que seja recomendável fazer uma revisão ao seu carro, antes de carregar a bagageira e pôr-se a caminho. Dica número 2: as malas mal acondicionadas podem ter o efeito de uma bala, num violento embate. Portanto, reserve algum tempo para esta operação. Dica número 3: antes de ir de férias, verifique (mesmo) a pressão dos pneus, o que deve fazer a frio, isto é, não a meio da viagem, nem mesmo após percorrer 5 km. Este simples gesto pode poupar-lhe uma grande dor de cabeça. Como o calor e a velocidade aumentam a pressão do ar no interior dos pneus, é fundamental assegurar que inicia a viagem com a pressão recomendada para a quantidade de carga que transporta. Se não reparou, há sempre duas pressões indicadas pelo fabricante – uma para apenas quando seguem a bordo condutor e passageiro, outra para uma carga completa. Um nível incorrecto de pressão pode levar o pneu a aquecer excessivamente e até a rebentar.

É um cauteloso e não se esqueceu de nenhum destes passos. Ainda assim, há uma série de situações imprevistas que lhe podem acontecer. Não é só a mecânica do automóvel que pode falhar. Existem outras contingências a ter em conta: quem vai ao volante pode sentir-se mal durante a viagem, por exemplo, e nenhum condutor adivinha quando é que um animal decide atravessar a via. Em qualquer um destes casos, é importante saber reagir. Por isso, preparámos-lhe uma espécie de “guia de sobrevivência”, com dicas para lidar da melhor forma com o inesperado na estrada. Regra de ouro: “keep calm”. A frase que passou a valer milhares de euros com o Brexit, também se aplica quando o seu carro, ou um outro factor externo, decide pregar-lhe uma partida.

1-avaria num lugar peridgoso

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1 – Paragem num lugar perigoso

Esta é, sem dúvida, uma das piores situações que quem vai ao volante tem de enfrentar. Imagine que, por azar, o combustível se acaba na pior das alturas e o seu carro pára num cruzamento, numa curva sem visibilidade ou numa passagem de nível. A decisão mais sensata é ligar os quatro-piscas, vestir o colete, sinalizar com o triângulo que a viatura está imobilizada e pedir ajuda. Porém, se o veículo está num local mesmo perigoso, há um truque simples que, se funcionar, o pode tirar desta situação delicada numa questão de segundos. Engrene a segunda ou a terceira velocidade e dê à chave de ignição de forma continuada. Com isto, passa a ter um carro “eléctrico”, pois passa a ser o motor de arranque eléctrico o responsável pela locomoção do automóvel. Escusado será dizer que esta dica serve apenas para deslocar o carro, não mais que uma dezena de metros, até um local seguro, zelando pela segurança de todos os que seguem a bordo.

2-combustível em baixo

2 – Combustível nos vapores

Se circula há muito tempo com o indicador de reserva aceso e, de repente, o motor começa a falhar, a conclusão só pode ser uma: o pouco combustível que lhe restava terminou. Mas você continua na estrada, sem bomba à vista e a perder rapidamente velocidade. Solução: carregue na embraiagem, evitando assim que o motor continue a “travar” o carro, e aproveite a embalagem para colocar o veículo num lugar seguro. Isto é particularmente importante se o motor for a diesel e o automóvel antigo, pois neste caso, se deixar desferrar a bomba de gasóleo, por vezes é complicado, e moroso, voltar a ferrá-la, mesmo depois de abastecer.

3 -acelera sozinho

3 – O carro acelera sozinho

Não é muito comum, mas é provável que esta situação aconteça. O mais natural é que o tapete se tenha movido e esteja a pressionar o pedal do acelerador, ou então que o cabo deste tenha prendido, por falta de lubrificação ou deterioração. Se o problema é o tapete, na maioria das vezes, basta fazer força com o calcanhar contra o tapete e arrastá-lo para trás. Tentar fazê-lo com a mão não é recomendável, a não ser que isso não interfira com a capacidade de continuar a ver a estrada. Já se o problema tem a ver com a prisão do cabo do acelerador, dê-lhe umas sapatadas, esmagando repentinamente o pedal até ao fundo e tirando o pé de imediato. Repita a operação duas ou três vezes.

Se nenhuma destas fórmulas funcionar, engrene a mudança mais alta possível, quinta ou sexta, e trave de modo a ir reduzindo a velocidade. Dependendo do veículo, quando o velocímetro marcar 30 ou 40 km/h, o motor acaba por ir abaixo e o carro pára. No processo, lembre-se de fazer pisca e ir procurando o melhor sítio para imobilizar a viatura. É muito importante que nunca tente resolver esta situação desligando o motor e tirando a chave, porque, ao fazê-lo, vai accionar a tranca da direcção, a qual vai bloquear, impedindo-o de curvar ou desviar-se se for caso disso.

4- patina ao acelerar

4 – O carro patina ao acelerar

Estacionou junto à praia num parque com piso muito escorregadio, por exemplo um asfalto velho e polido, coberto de areia, e não consegue fazer as manobras necessárias para sair dali, pois, mal toca no acelerador, o carro patina. Engrene primeira ou marcha-atrás, consoante o caso, e tente fazer o ponto de embraiagem sem pressionar o acelerador. Os motores têm um sensor que evitam que o automóvel se vá abaixo, subindo ligeiramente a rotação, o que lhe permite realizar a manobra nas condições o mais suaves possíveis. Se for um aventureiro e confrontar-se com esta situação na lama, este conselho também lhe pode servir.

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5 – O motor aquece

Vai de férias e o motor começa a aquecer. O ideal mesmo é encostar logo que possível e solicitar a assistência em viagem. Contudo, se o termómetro ainda não está no máximo e a luz de aviso ainda não acendeu, pode tentar uma solução alternativa. Abrande o ritmo, abra os vidros e prepare-se para o aquecimento. Ligue a “chauffage” no máximo, pois isso aumenta o circuito percorrido pela água que refrigera o motor, incrementando a sua possibilidade de perder temperatura.

6-vidro bloqueado

6 – Vidros bloqueados

Quando o veículo está exposto ao sol, o aumento da temperatura provoca a dilatação de alguns materiais e o empenamento de outros, o que pode exercer alguma prisão no movimento ascendente do vidro. Só que lá fora está um calor que não se aguenta e quer mesmo fechar o vidro eléctrico, que não obedece ao seu comando. Isto acontece porque os motores eléctricos que accionam os vidros estão equipados com sensores que os impedem de funcionar quando detectam que o movimento está a requerer mais força do que o normal, prevenindo assim um eventual esmagamento da mão ou do braço. Para ultrapassar esta dificuldade, pare num local seguro e abra a porta em causa. Enquanto o condutor acciona o respectivo botão, há alguém que ajuda o vidro a subir com as duas mãos, uma de cada lado.

7-pneu furado

7 – O indesejável furo

Nem só os pneus velhos furam. Basta pisar um prego, um parafuso ou um pedaço de metal para que até o melhor pneu do mundo, passados uns quilómetros, comece a perder ar. Grande parte das vezes, um furo numa das rodas traseiras passa despercebido, sobretudo se o carro vai pouco carregado atrás e a velocidade é elevada. Normalmente, o condutor só dá por ele quando tem de travar, ou quando está a descrever uma curva para o lado contrário ao do pneu furado. Já um furo numa das rodas da frente é perceptível de imediato: a direcção torna-se mais pesada e o carro começa a fugir para o lado do pneu que está a vazar. Nestas circunstâncias, nunca tente confirmar se se trata efectivamente de um furo, ziguezagueando com a direcção ou travando a fundo. É despiste garantido, muito provavelmente com capotamento.

Em ambas as situações, o veículo tenderá a desviar-se para o lado em que o pneu está furado, devido ao maior atrito que este provoca, tendência que deverá contrariar sem guinadas no volante. E, em ambos os casos, a receita é a mesma: tenha um furo à frente ou atrás, há que desacelerar suavemente até conseguir parar de forma segura. É bom que saiba onde está o macaco, a chave de rodas e, se tiver jantes especiais com porca de segurança, também é bom que saiba onde está o adaptador. De contrário, vai continuar com um problema para resolver.

8-animal na via

8 – Um animal atravessa a via

Inesperadamente, surge um animal à sua frente e a colisão é eminente. Há que tentar evitar o atropelamento, mas não a qualquer custo. Se o seu carro está equipado com ABS, faça o máximo de pressão sobre o pedal de travão, para perder velocidade até ao embate. Se achar que consegue desviar-se do animal, sem com isso bater noutros veículos ou em peões, pode fazê-lo confiando no ABS, cuja finalidade não é encurtar a distância de travagem, mas sim assegurar o controlo do automóvel durante uma travagem de emergência.

Se o carro não tiver ABS, ou se for mesmo impossível desviar-se do obstáculo que lhe surgiu inesperadamente, reduza ao máximo a velocidade e procure embater de frente, pois é nesta zona que os veículos têm maior capacidade de absorver energia. Tire fotografias e chame a polícia ao local. Vai precisar de ambos, sobretudo se isto ocorrer numa auto-estrada (onde não é suposto haver animais), para poder participar o acidente à seguradora.

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9 – Súbita indisposição

Vai ao volante e, de repente, começa a sentir-se mal. Ligue os quatro-piscas, reduza de imediato a velocidade e procure um sítio para parar em segurança. Ponha o ar condicionado no máximo frio e dirija os ventiladores para si. Se não tiver, baixe todos os vidros para gerar uma maior circulação de ar no habitáculo. Neste, como nos restantes imprevistos, convém ter sempre à mão o telemóvel. Com bateria e rede, para pedir ajuda se a indisposição não melhorar.

10-incêndio no carro

10 – Fumo a invadir o habitáculo

Não é bom sinal. Se lhe cheira a queimado, e sai fumo da ventilação e do compartimento do motor, junto à base do pára-brisas, lembre-se que “onde há fumo, há fogo”. Tudo indica que há incêndio. Pare tão rapidamente quanto possível, e retire todos os ocupantes e bagagens do veículo. Não se esqueça das malas, carteiras e, principalmente, dos telemóveis, pois vai precisar de chamar ajuda. Vá buscar o extintor e, só então, abra o capot. Espere um incremento das labaredas assim que o fizer, pois você acabou de lhes fornecer o que elas tanto necessitavam: oxigénio. Se não possui extintor, prepare-se para ver o carro arder à sua frente, sem que haja nada que possa fazer para o evitar. E, se o depósito estiver cheio, afaste-se consideravelmente.