A CGTP defendeu esta segunda-feira o fim da “conceção bipartida” na indicação de personalidades para órgãos institucionais e advogou que todos os partidos políticos devem ser envolvidos na escolha do novo presidente do Conselho Económico e Social (CES).

“É preciso acabar com esta conceção bipartida da indicação de pessoas para órgãos institucionais. A Assembleia da República é constituída por deputados que representam várias sensibilidades políticas e é normal que todas elas sejam envolvidas em plano de igualdade na discussão, na apresentação das propostas e na votação”, disse o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.

O líder da Inter, que falava aos jornalistas no final de uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém, apontou o dedo ao PSD que acusou de “má fé” no processo de eleição do novo presidente do CES.

“Aquilo que se passou em relação ao CES é um exemplo claro que houve uma parte que agiu com má fé, como já tinha tido má fé quando esteve no Governo, em relação aos problemas dos trabalhadores – estamos a falar concretamente do PSD -, e se agiu com má fé as consequências e os resultados estão aí”, assinalou Arménio Carlos.

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A CGTP defende, assim, a necessidade de “alterar este estado de coisas”, considerando que “compete agora ao Governo e à Assembleia da República avançarem com o processo da indicação de uma pessoa que seja dotada de características ajustadas para um cargo com a responsabilidade do CES”.

No entender do secretário-geral da estrutura sindical, “mais importante que o cartão político que a pessoa que entretanto venha a ser indicada tenha, é essencial que essa pessoa reúna as condições do ponto de vista politico, técnico, mas também de visão de desenvolvimento do país, suscetível de fazer aproximações e dar sequência aquilo que deve ser um verdadeiro diálogo social”, contrariando o que “de alguns anos a esta parte se verificou, que foi um simulacro de negociação”.

Também o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, que esta tarde se reuniu com o Chefe do Estado, lamentou que “os partidos não tenham sabido resolver a situação”.

No passado dia 20 de julho, e contra todas as expetativas, o socialista Correia de Campos falhou a eleição para o cargo de presidente do CES, obtendo apenas 105 votos favoráveis dos 221 deputados presentes, quando precisava de dois terços de aprovações.

O acordo entre o PSD e o PS, não foi suficiente para colocar Correia de Campos na presidência do CES e, assim, a presidência de Luis Filipe Pereira, que era suposto durar apenas alguns meses, vai ter de se prolongar um pouco mais.

De acordo com a Constituição, o presidente do CES é eleito “por maioria de dois terços dos deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções”.