O primeiro-ministro da Hungria, Vitor Orban, afirmou esta terça-feira que apenas deixará entrar no seu território os refugiados submetidos a um severo e amplo controlo de segurança para evitar o risco de terrorismo.

“Só poderão entrar o que tivermos controlado. O controlo e a autorização de entrada estão associados, porque pretendemos evitar o perigo do terrorismo”, assegurou o líder conservador húngaro, após um encontro com o chanceler austríaco, o social-democrata Christian Kern.

O primeiro-ministro reiterou que os refugiados “significam um risco de terrorismo” e explicou que as investigações sobre cada caso podem prologar-se “durante meses”.

Orban insistiu que as políticas europeias de imigração são inaceitáveis para o seu Governo, e assegurou que aceitará da Áustria todos os imigrantes irregulares dos países dos Balcãs, caso do Kosovo e Albânia, que entraram na União Europeia (UE) por território húngaro, e que os enviará aos países de origem.

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O chanceler reconheceu por sua vez que as medidas aplicadas por países como a Hungria, através do encerramento das fronteiras e a construção de vedações com arama farpado, contribuiu para diminuir o número de refugiados que chegam à Áustria e Alemanha.

“Devemos oferecer apoio e assumir a responsabilidade pelo que está a acontecer na Sérvia”, afirmou Kern, numa alusão às centenas e refugiados que aguardam nesse país para entrar em território húngaro.

As autoridades húngaras apenas autorizam os migrantes e refugiados a entrar na Hungria através das “zonas de trânsito”. Segundo o Alto comissariado da ONU para os refugiados (ACNUR), entre 15 e 20 pessoas podem entrar por dia. Centenas de outros aguardam na “terra de ninguém” em condições definidas como desesperadas.

Um grupo de 127 migrantes e refugiados alcançou no domingo a fronteira de Horgos, na fronteira servo-húngara, após uma marcha de dois dias desde Belgrado.

Este grupo iniciou entretanto uma greve de fome para exigir a sua entrada na Hungria e o acesso a outros países da UE, uma decisão que arrisca acelerar a atual crise na fronteira norte.

A Organização Mundial das Migrações (OIM) anunciou esta terça-feira que 250.000 refugiados e imigrantes já atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro de 2016.

No total, a OIM registou 159.657 chegadas à Grécia, 88.351 a Itália, 1.818 a Espanha e 28 a Chipre. No mesmo período, foram registados mais de 3.000 pessoas que perderam a vida nesta travessia.