O líder do partido espanhol Ciudadanos, Albert Rivera, manifestou ao rei a sua preocupação pelo impasse político no país e voltou a disponibilizar-se para formar uma grande coligação com o PP e o PSOE, que os socialistas recusam completamente.

“Manifestei ao rei a nossa preocupação”, disse Rivera depois de se reunir com Felipe VI. Esta quinta-feira decorre o último dia de audiências dos líderes dos quatro partidos mais votados em Espanha nas eleições de 26 de junho — Albert Rivera (do Ciudadanos), Pablo Iglesias (do Podemos), Pedro Sánchez (do PSOE) e Mariano Rajoy (do PP) — com o rei, com vista a confirmar se algum dos candidatos consegue reunir os apoios necessários para conseguir a investidura e tentar encontrar um candidato à presidência do Governo.

Albert Rivera propõe um governo formado pelo PP, pelo PSOE e pelo Ciudadanos, mas não quer Rajoy como primeiro-ministro. O líder do quarto partido mais votado nas eleições, criticou os “velhos partidos (PP e PSOE) por não terem até agora permitido desbloquear o atual impasse político.

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Se a solução sem Mariano Rajoy não for viável, o Ciudadanos propõe abster-se de votar a investidura, para que os populares formem um governo minoritário (contanto também com a abstenção do PSOE) para que não seja chumbado no Congresso dos Deputados, refere o El Mundo.

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Para Albert Rivera, o líder do PP deve dizer esta tarde “sim” ao rei em relação à proposta por si apresentada e marcar uma “data e hora” para que o debate de investidura e poder dar início à democracia.

“Dissemos ao rei que pode contar connosco, se o PP e o PSOE quiserem avançar”, disse Rivera aos jornalistas, acrescentando que “a melhor solução para Espanha é ter um governo apoiado por mais de 250 deputados” num total de 350.

O líder do Ciudadanos afirma que agora espera “que todos os partidos que dizem que não querem eleições pela terceira vez apresentem soluções”. O Ciudadanos está disposto a abster-se na segunda votação, mas isso não será suficiente se todas as outras forças políticas votarem contra Rajoy, como têm defendido até agora.

As audições no Palácio da Zarzuela começaram esta manhã às 10h30 em Madrid (9h30 em Lisboa). Mariano Rajoy, o líder do PP, só se reunirá com o rei esta tarde. Quando terminar a ronda de conversações, Filipe VI convocará a presidente do Congresso, Ana Pastor, para a informar do resultado das consultas e, se tudo correr bem, apresentar a proposta de candidato a presidente do executivo.

Podemos prefere “coligação das esquerdas”

Pablo Iglesias, líder do Podemos, já reuniu com Filipe IV e deixou claro que preferia fazer parte de um governo de “coligação das esquerdas”, refere o El Español. Iglesias suspeita que se Mariano Rajoy não tiver o apoio necessário, “é possível” que o líder do PP diga ao rei para não o propor para a investidura.

Pablo Iglesias aproveitou ainda para lançar farpas aos socialistas, afirmando que apesar de os números apontarem para a possibilidade de formação de um Governo com as esquerdas, ou seja, Podemos e PSOE quem tem um problema com esta solução é o partido socialista.

O atual Congresso de Deputados foi formado na sequência das eleições de 26 de junho último, seis meses depois das eleições anteriores, de 20 de dezembro, em que os partidos políticos espanhóis não conseguiram formar um governo estável.

Nessa altura, Felipe VI fez três rondas de encontros com os partidos representados no parlamento para tentar encontrar uma solução para o impasse que se manteve até ao fim.

Todos os partidos defendem que não deve haver novamente eleições (pela terceira vez), mas a falta de uma maioria clara bloqueia a formação de um executivo.

O Partido Popular foi o mais votado nas eleições de 26 de junho e também o único que subiu em votantes e número de deputados, mas com os seus 137 lugares continua sem a maioria absoluta de 176 deputados num total de 350.

O PSOE ficou em segundo lugar, conquistando 85 lugares, enquanto a aliança Unidos-Podemos ficou em terceiro, com 71 deputados. A quarta formação mais votada foi o Ciudadanos, que alcançou 32 lugares.