Entre 2013 e 2014, pelo menos 15 mil pessoas foram vítimas de tráfico na União Europeia (UE) e “o número real é suscetível de ser substancialmente mais elevado”, reconhece o último relatório da Comissão Europeia sobre os progressos realizados em matéria de luta contra o tráfico de seres humanos

15.846 mulheres, homens, meninas e meninos foram vítimas de tráfico na UE, mas apenas 6.324 pessoas tiveram contacto oficial com a polícia ou com o sistema de justiça penal.

De acordo com o relatório, dos 15.846 mulheres, homens, meninas e meninos vítimas de tráfico na UE, apenas 6.324 contactaram oficialmente com a polícia ou com os tribunais. A exploração sexual continua a ser o objetivo mais comum (67% das vítimas), seguindo-se do tráfico para exploração laboral (21%).

Mais de três quartos das vítimas registadas eram mulheres, percentagem que sobe para 95% no caso da exploração sexual, “uma das tendências que aumentou mais acentuadamente”, segundo o relatório.

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“Estamos particularmente preocupados com as mulheres e crianças, sobretudo para exploração sexual”, reconhece a coordenadora da União Europeia contra o tráfico de seres humanos.

Em entrevista à Lusa, por telefone, a propósito do Dia Mundial Contra o Tráfico, que as Nações Unidas assinalam a 30 de julho, Myria Vassiliadou assinala que, por outro lado, “a maioria dos traficantes e certamente todos os clientes são homens”.

O relatório também destaca as ligações entre o tráfico de seres humanos e outras formas de criminalidade e a exploração dos mais vulneráveis no contexto da atual crise de migração, bem como o aumento da utilização da internet e das novas tecnologias para o recrutamento de vítimas.

De acordo com o mesmo relatório, os países europeus com mais vítimas são Roménia, Bulgária, Holanda, Hungria e Polónia.

Nigéria, China, Albânia, Vietname e Marrocos são os principais países terceiros de nacionalidade das vítimas — vítimas, que, em 65% dos casos, eram cidadãos da União Europeia.

“Não obstante os progressos realizados, os Estados-membros da UE devem intensificar os seus esforços para lutar eficazmente contra o tráfico de seres humanos”, conclui o relatório.