A Autoridade Bancária Europeia publica, esta sexta-feira, os resultados dos testes de ‘stress’ a 51 bancos de 15 países da União Europeia (UE), dos quais 37 da zona euro. Neles serão conhecidas as falhas de capital das instituições.

A amostra de 51 bancos que a Autoridade Bancária Europeia testou, em articulação com o Banco Central Europeu (BCE), não inclui este ano bancos portugueses, ao contrário do que aconteceu em 2014, estando as atenções centradas nas fragilidades que podem apresentar os bancos italianos, mas também alemães.

No entanto, os quatro bancos portugueses supervisionados diretamente pelo BCE – Caixa Geral de Depósitos, BCP, BPI e Novo Banco – também têm sido submetidos a exercícios de resistência, sendo que para já apenas o BCP anunciou que divulgará os seus dados.

Aliás, o BCP comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) o adiamento da apresentação de resultados do segundo trimestre para hoje às 21h00, justificando precisamente com o facto de querer fazer coincidir com a publicação dos resultados dos testes de ‘stress’.

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Quanto aos testes de ‘stress’ da Autoridade Bancária Europeia, mais uma vez será avaliada a resistência do seu balanço face a uma degradação de indicadores económicos e financeiros – como queda severa da economia ou subida do prémio de risco de títulos financeiros – num momento em que a generalidade da banca europeia está muito pressionada, o que é visível pelo comportamento das ações dos bancos em bolsa, e fala-se mesmo numa solução pan-europeia para recapitalizar as instituições.

A banca italiana deverá ser a que estará mais sob forte escrutínio nestes exames, até pelo elevado crédito malparado que muitos bancos têm em balanço, isto quando o Governo liderado por Matteo Renzi tenta encontrar alternativas para capitalizar o sistema bancário do país, evitando as regras europeias que penalizam os investidores antes de qualquer ajuda pública.

O jornal Financial Times noticiou esta semana que o banco italiano Monte dei Paschi precisa de 5 mil milhões de euros para cumprir os rácios exigidos pelo BCE, acima dos 3 mil milhões que eram falados.

O Monte dei Paschi, um dos maiores bancos italianos e considerado o banco mais antigo do mundo ainda a funcionar, já foi recapitalizado no passado mas a sua situação continua frágil.

Também na Alemanha há bancos que têm estado sob pressão, pelo que os resultados destes testes de ‘stress’ são aguardados com expectativa, nomeadamente para o Commerzbank e Deutsche Bank.

Em junho foi conhecido que a unidade norte-americana do Deutsche Bank falhou nos testes de ‘stress’ da Reserva Federal dos Estados Unidos. O banco alemão divulgou hoje lucros de 20 milhões de euros no segundo trimestre, o que compara com os 818 milhões de euros do mesmo período do ano passado.

O jornal El País cita, também esta sexta-feira, fontes do setor financeiro que referem que “os bancos italianos são os que vão apresentar mais problemas de capital, seguidos por alemães e portugueses”.

Nos últimos testes de ‘stress’ gerais à banca europeia, em 2014, o BCP chumbou no cenário mais adverso ao serem identificadas necessidades de capital. O Novo Banco na altura não participou nesses exercícios, por ainda estar a consolidar o seu perímetro patrimonial, e um ano depois viria a chumbar também no cenário severo.