A Rússia convidou peritos militares da NATO para discutir a segurança na Europa, nomeadamente os sobrevoos de aviões militares russos sobre o mar Báltico, divulgou esta segunda-feira o Ministério da Defesa russo.

Este anúncio surge num contexto de tensão entre Moscovo e a Aliança Atlântica.

“Os peritos militares são convidados para Moscovo em setembro para consultas sobre a situação política e militar na Europa”, indicou o vice-ministro da Defesa russo, Anatoli Antonov, num comunicado, sem dar mais pormenores sobre como estas consultas vão ser organizadas.

Segundo Anatoli Antonov, a segurança e a “reciprocidade” dos voos militares sobre o mar Báltico vão ser uma “prioridade” destes encontros.

Os países não-membros da NATO serão igualmente convidados, acrescentou o representante de Moscovo.

Um alto responsável da Aliança Atlântica explicou à agência noticiosa francesa AFP ter recebido informações adicionais sobre as “várias propostas” de cooperação que Moscovo apresentou no âmbito do Conselho NATO-Rússia, realizado alguns dias depois da cimeira de Varsóvia, no início de julho.

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Em Varsóvia, a NATO aprovou o reforço de uma presença militar avançada no flanco leste da Europa.

“Os aliados vão ler [as informações] cuidadosamente antes de determinar os próximos passos”, disse o alto responsável, acrescentando que “uma reciprocidade militar transparente e uma redução dos riscos têm um potencial considerável para melhorar a estabilidade e a segurança na zona euro-atlântica”.

No último Conselho NATO-Rússia, Moscovo avançou com propostas para um assunto que tem gerado tensões: os sobrevoos de aviões militares russos sobre o mar Báltico com o sistema que permite a identificação e deteção dos aparelhos desligado, situação que complica a monitorização e aumenta o risco de colisões.

As propostas foram recebidas com alguma prudência pela NATO que pediu mais pormenores.

Nos últimos meses, os países bálticos, que integram a NATO, têm acusado regularmente a Rússia de violar o seu espaço aéreo e de sobrevoar o mar Báltico com o sistema de deteção desligado.

Por sua vez, o Departamento de Defesa norte-americano (Pentágono) também tem acusado Moscovo de realizar manobras perigosas nos céus do mar Báltico.

A Rússia, por seu lado, acusa Washington de enviar “aviões espiões” invisíveis para os radares russos.

A crise na Ucrânia e as incursões russas naquela região abalaram significativamente a relação entre Moscovo e a NATO.