Linhas minimalistas, mas sempre com um toque de originalidade. São estes os traços que têm feito com que a marca portuguesa Mahrla esteja numa fase ascendente. O primeiro showroom abriu no dia 27 de julho no Porto e, para além dos vestidos, macacões, lenços, túnicas e tops, há almofadas da Maria Cenoura, carteiras da #sisterstrouble e joias da Cinco.

A vontade de ser diferente, de se distinguir sem recurso a excentricidades, está na génese da Mahrla, cujo primeiro esboço foi feito em agosto de 2012. Depois da licenciatura em Jornalismo e de um trabalho fora da área de formação, Sílvia Pereira viu-se no desemprego e, por isso, com mais tempo para escrever no seu blogue de moda, My Fashion Script. Só que, em vez de se pôr a escrever, pôs-se a comprar t-shirts e a personalizá-las, com o objetivo de vender peças únicas e originais. Chamou-lhes personaliTee e a primeira linha vendeu tão bem que Sílvia quis saber mais sobre esse mundo. Arranjou trabalho numa marca têxtil portuguesa, aprendeu tudo o que pôde sobre confeção e, em 2014, despediu-se. Estava na hora de se dedicar a 100% à sua marca.

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T-shirts para um treino colorido, bodies de bebé com frases de deixar sorrisos nos lábios dos adultos e as almofadas da Maria Cenoura mostram-se logo à entrada do novo showroom. © Sara Otto Coelho / Observador

Começou por criar uma linha de 30 t-shirts que mandou fazer e estampar. Com a chegada do tempo frio, criou sweatshirts e outras variantes que lhe iam pedindo, como tops de desporto. Quando desenhou três vestidos, percebeu que o caminho passaria muito por aí. No final do ano, pôs numa mala o máximo de peças que conseguiu e foi para Lisboa, com o objetivo de mostrar as suas peças a algumas lojas do Chiado e do Príncipe Real.

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O balanço foi bom e mau. Bom porque, logo na primeira paragem, a Embaixada, gostaram das roupas e estabeleceram logo uma parceria que dura até hoje — as peças da Mahrla estão à venda no espaço da It’s About Passion. A única parte má desta história foi a tendinite que Sílvia arranjou num braço por causa do peso da mala. Essa, felizmente, não dura até hoje, mas já se sabe: no pain, no gain. E porque a sua coleção já soma muito mais do que t-shirts, mudou-lhe o nome para Mahrla, o nome que a mãe lhe queria ter dado quando nasceu, mas que a lei portuguesa não permitiu.

“Eu faço aquilo que gostava que existisse e que não existe”, diz a jovem de 33 anos ao Observador, vestida com um dos seus vestidos brancos. A peça mais vendida da coleção primavera / verão foi uma túnica com folho na base. Sílvia não gosta de produzir muitos artigos, para que cada pessoa saiba que não se vai cruzar com alguém vestida de igual. Para o inverno vai apostar nos vestidos e nas túnicas. Está a pensar se desenha um macacão.

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Os vestidos Califórnia terminam com um folho. © Diana Mota / Divulgação

Normalmente, as peças só têm uma cor, para que possam ser conjugadas com acessórios. A pensar nisso, convidou a marca portuguesa de joalharia Cinco, criada por uma blogger como ela, para exibir ali alguns dos seus colares, anéis e pulseiras. E como é fã das almofadas da Maria Cenoura, também elas estão por todo o lado. No showroom encontram-se ainda algumas peças de vestuário da marca portuguesa It’s You e criações que Sílvia desenvolveu com a irmã, Rita Pereira: clutches em pele, feitas à mão, com forros padronizados, e lenços coloridos de cetim. Batizaram-nas #sisterstrouble. “Consegui ir buscar projetos que por trás têm sempre blogues”, diz. Tem de ser ao seu gosto e de ser feito em Portugal.

Para que os clientes possam experimentar as peças de tamanho único e sentir nas mãos o material, a criadora portuguesa abriu o seu próprio showroom, na Foz, com vista para o rio e a Ponte da Arrábida. No entanto, não é aconselhado aparecer sem enviar antes um e-mail para mahrla.conceptdesign@gmail.com ou uma mensagem no Facebook. É que Sílvia Pereira tem de escolher materiais, conceber os designs, deslocar-se à confeção nortenha que lhe faz a roupa — “é tudo português”, salienta — e enviar encomendas. Nem sempre consegue estar na loja, pelo que aconselha a que se faça marcação.

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Top Bahamas. Do lado direito, as joias da Cinco. © Sara Otto Coelho / Observador

Para além do showroom do Porto e da It’s About Passion, em Lisboa, a Mahrla está presente em mais três espaços do Porto (Cusq, junto ao metro da Trindade, L’Bouvardia, na Foz, e a Electricista Picheleiro, no Carvalhido). Em Aveiro, a nova loja Cais à Porta tem algumas peças, assim como a Very Typical, em Elvas, e a Lady Boss, em Braga.

De resto, a melhor forma de ter a Mahrla disponível a toda a hora é mesmo nas páginas de Facebook e Instagram, ou na plataforma Minty, onde também há algumas peças. Mas não ficam ali por muito tempo. Uma vez esgotada a coleção, Sílvia quer é dar cordas à criatividade e desenvolver coisas novas.

Nome: Mahrla
Data: Nascida em 212 como PersonaliTee, evoluiu para Mahrla em 2015
Pontos de venda: A marca tem um showroom na Rua do Ouro, 370, Piso 1, loja 9 (Porto) e está à venda noutros três espaços do Porto — Cusq (Trindade), L’Bouvardia (Foz) e Electricista Picheleiro (Carvalhido) — , e também na It’s About Passion (Lisboa), Cais à Porta (Aveiro), Very Typical (Elvas), Lady Boss (Braga) e na loja online Minty.
Preços: Túnicas, tops e vestidos entre os 35€ e 45€

100% português é uma rubrica dedicada a marcas nacionais que achamos que tem de conhecer.