António Costa justificou este domingo as opções que tomou como ministro da Administração Interna em 2005, quando foi elaborado o Plano Nacional de Defesa da Floresta contra os Incêndios. Em visita à base aérea de Monte Real, o primeiro-ministro começou por realçar que se gasta muito no combate porque se gasta pouco na prevenção, manifestando a intenção de que se passe a gastar mais na prevenção. Deixou ainda a justificação:

“Quando fui responsável pela reforma que foi feita, deixei bem claro que este esforço enorme que a administração interna iria fazer era para criar condições para a reforma da floresta, visava comprar tempo para que essa reforma fosse feita. Devo dizer que fico chocado, dez anos depois, por verificar que essa reforma não foi feita”.

Estas declarações de António Costa, que foi ministro da Administração Interna entre 2005 e 2007, surgem depois de serem divulgadas reflexões feitas pelo seu ex-secretário de Estado à data, numa tese de 2014, em que Ascenso Simões reconhecia que tinha sido cometido um “erro grave” na política de defesa de florestas. As opções então tomadas ficaram associados ao reforço dos meios de combate do Estado, designadamente pela contratação dos polémicos helicópteros Kamov, em detrimento de uma estratégia mais focada na prevenção, como tinha sido proposto ao então governo.

Na sequência da última semana de incêndios, o governo anunciou a criação de um grupo de trabalho de vários ministérios para preparar uma reforma da floresta portuguesa. Uma das medidas já referidas passa por uma maior intervenção das autarquias nas terras abandonadas, o que, por sua vez, requer um cadastro de proprietários atualizado.

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Ainda a partir de Monte Real, António Costa negou a tese de que as verbas usadas no combate estejam a ser desviadas da prevenção de fogos. “O dinheiro que o Ministério da Administração Interna consome no aluguer de meios aéreos, no equipamento de bombeiros, na formação de bombeiros, na constituição de equipas profissionais, não é dinheiro que se está a desviar da prevenção. É dinheiro que se está a desviar da segurança interna”, disse aos jornalistas.

Intervindo à margem de uma visita à base aérea de Monte Real, distrito de Leiria, onde se deslocou para agradecer o contributo das tripulações dos meios aéreos de Marrocos, Itália e Rússia no combate aos incêndios em Portugal, o primeiro-ministro frisou que o dinheiro para combater fogos não é investido em instalações e esquadras da GNR e PSP, cujas condições “são uma vergonha nacional”.

“É necessário que se passe a investir na prevenção e é isso que vai passar a ser feito”, argumentou.