A campanha de vacinação de emergência contra a febre-amarela iniciada esta semana em Angola e na República Democrática do Congo é considerada uma das maiores alguma vez realizadas em África, segunda a Organização Mundial de Saúde (OMS). A campanha visa travar a propagação da doença, que já provocou nos dois países mais de 400 mortos e cinco mil casos suspeitos, e deverá permitir vacinar mais 14 milhões de pessoas, cerca de três milhões dos quais em Angola.

A informação consta de uma nota da OMS consultada pela Lusa que refere estar a trabalhar com os ministérios da Saúde dos dois países e a coordenar esta campanha de vacinação, que arrancou a 15 de agosto, com 56 parceiros para chegar a mais de oito mil locais.

Decorre em simultâneo em Angola e na República Democrática do Congo, sendo “uma das maiores campanhas de vacinação de emergência alguma vez realizada em África”, lê-se no documento. Uma campanha com esta dimensão pode levar entre três e seis meses e será realizada, recorda a OMS, até ao início da época das chuvas nesta região, em setembro.

A epidemia de febre-amarela teve início em Viana, arredores de Luanda, em dezembro de 2015, e alastrou a todas as províncias do país, bem como à vizinha República Democrática do Congo. A transmissão da doença é feita pela picada do mosquito Aedes aegypti (infetado) que, no início da epidemia, estava presente em algumas zonas de Viana, Luanda, em 100% das casas, diz a OMS.

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Trata-se do mosquito que também é responsável pela transmissão da malária, a principal causa de morte em Angola, e que se reproduz em águas paradas e na concentração de lixo, dois problemas (época das chuvas e falta de limpeza de resíduos) que afetaram a capital angolana entre agosto e maio últimos (época das cheias).

Só em Angola, desde fevereiro, já foram realizadas campanhas de vacinação que chegaram a 13 milhões de pessoas, ou seja, mais de metade da população. No Congo, a OMS recorda que, só a capital, Kinshasa, tem 10 milhões de habitantes e as campanhas de vacinação chegaram apenas a dois milhões de pessoas.

Ainda assim, a organização sublinha que as campanhas de vacinação já realizadas foram “cruciais” para “parar a propagação” desta epidemia, mas recorda que algumas áreas ainda são consideradas de “alto risco”, como a capital da República Democrática do Congo ou a fronteira com Angola (2.646 quilómetros).

A OMS estima necessitar de 17,3 milhões de seringas para concretizar esta campanha, juntamente com o apoio de 41.000 técnicos de saúde e voluntários, recorrendo a 500 viaturas de transporte. Angola não regista novos casos de febre-amarela oficialmente confirmados por laboratório desde o final de junho.