A Fitch Ratings manteve nesta sexta-feira o rating da dívida pública portuguesa em BB+, o nível mais elevado ainda considerado investimento de alto risco (lixo). Também a perspetiva associada ao rating se manteve em estável (para onde caiu em março) apesar de a agência ter cortado a projeção de crescimento económico e admitir novos cortes.

A agência tinha retirado, no início de março, a perspetiva positiva que tinha para a notação de risco de Portugal, o que reduziu claramente as probabilidades que existiam de que o rating pudesse estar perto de subir e sair de lixo.

Desta feita, a Fitch concentra a sua análise na prestação da economia, que “continua a dececionar”. A Fitch tinha apontado em março para um crescimento de 1,6% mas cortou, agora, a projeção para “apenas 1,2%”, “com riscos negativos”, ou seja, é mais provável que venha a haver novos cortes do que uma revisão em alta.

Ainda assim, a agência comenta que “há pressões políticas potenciais” para que Portugal desaperte o cinto mas que — acredita a Fitch — o défice continuará a baixar até 2017 e 2018. Esta perspetiva está, também, sujeita a riscos, diz a Fitch, sobretudo se tiver de haver mais injeções de capital na Caixa Geral de Depósitos.

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Quanto a este ano, a Fitch diz que a execução orçamental tem sido “globalmente consistente com as previsões do governo”, o que não quer dizer que não haja “riscos relativamente ao objetivo de défice, de 2,2%”. “Cautelosamente”, a Fitch aponta para um défice de 2,7%.

A dívida portuguesa voltou a estar em destaque nos últimos dias nos mercados financeiros, pelas piores razões. Os juros da dívida a 10 anos voltaram esta sexta-feira a superar os 3%, apesar das compras de dívida por parte do Banco de Portugal/Banco Central Europeu. Por outro lado, as últimas semanas têm sido de melhoria dos juros em outros países, como Espanha — foi isso mesmo que foi notado esta manhã pelos analistas do Commerzbank.

A principal razão para o subdesempenho da dívida portuguesa nos últimos dias está relacionada com um alerta da agência de rating DBRS, decisiva para Portugal, que na terça-feira falou em “pressões crescentes” do ponto de vista do crescimento, da banca e do orçamento do Estado. Uma despromoção do rating português por parte dessa agência seria muito penalizadora porque, dizem os analistas, a única forma de Portugal conseguir se financiar nos mercados e beneficiar das compras pelo BCE seria o pedido de um novo programa de ajustamento económico e financeiro.